Aves estão a pôr ovos mais cedo devido às alterações climáticas

Um novo estudo publicado no Journal of Animal Ecology revela que os pássaros estão a pôr ovos cerca de 25 dias mais cedo do que há 100 anos. A principal razão prende-se com as alterações climáticas, que têm levado a estações de ano mais precoces, o que afecta os habitats das aves.

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Philip Brown/Unsplash

Com as alterações climáticas a levar a Primaveras antecipadas por toda a América do Norte, muitos pássaros estão a pôr ovos no início do ano, de acordo com um novo estudo, mais uma prova de que o aquecimento global está a transformar os habitats da vida selvagem.

De 72 espécies de pássaros examinados, da zona de Chicago, aproximadamente um terço põe ovos cerca de 25 dias antes da altura em que os punham há um século, relatam investigadores no artigo publicado na sexta-feira, 25 de Março, no Journal of Animal Ecology. Os pássaros mais afectados incluem a rola-carpideira, o falcão-americano e o falcão-do-tanoeiro.

Até agora, os cientistas ainda não encontraram nenhuma característica evidente comum entre estas espécies, como o seu tamanho ou condição de migração, que explique a alteração dos horários. Contudo, “a maioria dos pássaros analisados come insectos e o comportamento sazonal desses também é afectado pelo clima”, afirma o autor principal do artigo, John Bates, curador do departamento de pássaros no Museu Field de História Natural, em Chicago.

A forma como os ciclos de vida dos animais e das plantas são afectados pelas alterações climáticas e alterações das estações “está a tornar-se mais importante e central”, diz Bates.

Apenas uns graus de temperatura fora da média a longo prazo podem ter um grande impacto na altura em que os insectos aparecem, em que as árvores têm novas folhas, em que as flores desabrocham e, segundo o novo estudo, em que os ovos eclodem.

Os cientistas acreditam que estas mudanças podem fazer parte das muitas razões para o declínio acentuado nas populações de pássaros desde os anos 1970, com os EUA e o Canadá a perderem cerca de um terço dos seus pássaros – ou cerca de três mil milhões , de acordo com um estudo de 2019 da revista Science.

John Bates e os seus colegas estudaram mais de 1500 amostras de casca de ovos no Museu de Field, muitas delas do período entre 1872 e 1920, quando a recolha de ovos era um passatempo popular. Estes entusiastas da era vitoriana deixaram rótulos detalhados, escritos à mão, onde listavam informações, como as espécies dos pássaros e a data da recolha.

Assim, os cientistas compararam esses registos com mais de três mil modernos, analisando também os níveis de dióxido de carbono nas datas de nidificação ao longo do tempo. As conclusões são semelhantes a estudos realizados nas décadas recentes no Reino Unido, que também deram conta que as aves estavam a pôr ovos mais cedo o acto de pôr ovos estava a acontecer mais cedo.

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