Pedro Serrazina abandona direcção artística do Cinanima

O programador considera que a estrutura que organiza o festival de Espinho não lhe deu as condições necessárias para continuar o seu projecto de renovação. A direcção da Cooperativa Nascente diz que estava a contar com a continuidade do realizador.

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Pedro Serrazina dirigiu a 45.ª edição do Festival de Espinho Nelson Garrido

O realizador Pedro Serrazina não vai continuar à frente do Cinanima – Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho, cuja última edição contou já com a sua direcção artística. O programador e professor de cinema de animação anunciou esta sexta-feira na sua conta na rede social Facebook a decisão de abandonar o projecto, sem detalhar as razões. Mas, ao PÚBLICO, explicou não ter encontrado, da parte da estrutura que organiza o Cinanima, a Cooperativa Nascente, abertura para a criação de uma equipa que pudesse dar continuidade à aposta que quis imprimir ao festival já na sua 45.ª edição, em Novembro passado.

Em nome da Nascente, Henrique Neves confirmou a cessação da ligação de Serrazina com o Cinanima, mesmo se a cooperativa apostava na sua continuidade, após “a experiência positiva” da última edição. Numa reunião realizada esta quinta-feira, “Pedro Serrazina fez uma avaliação negativa do desempenho da estrutura e de algumas pessoas na edição do ano passado, e manifestou-se em desacordo com o organograma que lhe propusemos para prosseguir”, explicou este membro da direcção da Nascente.

“Perante a situação actual, com o crescimento das plataformas online, o papel do Cinanima, e dos festivais em geral, está bastante ameaçado”, considera por sua vez Serrazina, que em Espinho defendeu que a sobrevivência deste festival “passa por uma direcção artística forte, que traga uma relação maior com as comunidades, e que se mostre uma real alternativa àquilo que as pessoas já podem ver nos seus ecrãs em casa”. Para isso, o programador insistiu na criação de “uma equipa mais profissionalizada, e não continuar a viver eternamente à custa do voluntariado”. “É preciso escolher profissionais e as pessoas certas para se ter uma programação correcta”, especificou Serrazina, adiantando “ter sentido claramente” que não lhe estavam a dar “as condições para poder dar continuidade ao projecto iniciado no ano passado”.

“Foi um privilégio ajudar a comemorar o 45.º aniversário [do Cinanima] em Novembro passado, mas com uma nova direcção [na cooperativa] e com estratégias diferentes, chegou agora o momento de dar o lugar a outras pessoas”, escreveu no Facebook o realizador de Estória do Gato e da Lua (1995).

A Cooperativa Nascente vai conhecer uma nova direcção, em eleições que estão marcadas para esta sexta-feira à noite. À hora do fecho desta notícia, só era conhecida uma lista concorrente, encabeçada por Henrique Neves, que no ano passado se ocupou já da ligação entre a cooperativa de Espinho e a equipa que realizou o Cinanima.

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