Moedas diz que caso de plágio de Moura-Carvalho está “resolvido” e rejeita consequências políticas

O presidente da Câmara de Lisboa esclareceu esta terça-feira que se informou sobre o indício de plágio que terá sido praticado pelo director municipal de Cultura num livro de 2018 e que o caso ficou “encerrado”, já que foi resolvido entre Moura-Carvalho e os lesados.

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Carlos Moedas pronunciou-se na apresentação do programa “Abril em Lisboa” da EGEAC Nuno Ferreira Santos

“É um caso antigo e já foi resolvido entre os autores”, disse esta terça-feira ao PÚBLICO o presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carlos Moedas, em reacção aos indícios de plágio num livro do director municipal de Cultura, Carlos Moura-Carvalho.

“Telefonei imediatamente ao director municipal para saber o que se passava porque estes casos são graves, mas para mim ficou resolvido”, defendeu o autarca no fim da apresentação do programa “Abril em Lisboa” da EGEAC, que decorreu no Teatro São Luiz.

Depois de Moura-Carvalho dizer em resposta ao PÚBLICO que se trata de um “erro inconsciente” e de um “lamentável lapso”, Moedas vem agora referir-se ao caso como “não intencional” e “encerrado”, já que remonta a 2018.

Questionado sobre possíveis consequências políticas, o presidente da Câmara de Lisboa defendeu que “todos temos direito a errar se corrigirmos o erro” e garantiu que, neste caso, “esse erro foi corrigido e falado com as pessoas em causa”.

Assegurando que, de momento, não tem mais informações sobre o assunto, o autarca prometeu ainda que estará “sempre alerta a este tipo de situações” e agradeceu à comunicação social por “trazer a lume” o caso.

Um Homem Livre, publicado pela editora Alêtheia em 2018, é um ensaio sobre a participação do bisavô de Carlos Moura-Carvalho no movimento cultural anarquista, com um enfoque na criação do Teatro Livre, uma experiência de teatro social que surgiu no início do século XX. A obra do actual director de Cultura da CML contém uma série de excertos com fortes semelhanças a duas teses de mestrado, defendidas anos antes em universidades de Lisboa.

Em causa estão “Arte, Redenção e Transformação: a experiência da Sociedade Teatro Livre (1902-1908)”, da autoria de Cláudia Figueiredo, uma monografia sobre essa experiência teatral e o seu significado político, concluída em 2011; e “À luz da Estrela: O Teatro da Natureza no Jardim da Estrela (1911)”, de Laurinda Ferreira, dissertação defendida em 2014 na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, no âmbito do mestrado em Estudos de Teatro.

A primeira autora terá feito um acordo com Moura-Carvalho, confirmado pelo próprio director de Cultura da CML, para ultrapassar o caso, como sugere o presidente da Câmara de Lisboa. O mesmo não aconteceu com a outra tese.

Laurinda Ferreira, autora da dissertação sobre o Teatro da Natureza, foi surpreendida com a situação quando questionada pelo PÚBLICO, na semana passada. Também uma das orientadoras, Anabela Mendes, e a directora do mestrado, Maria João Brilhante, desconheciam a existência do possível plágio até terem sido contactadas. O caso está agora sob análise pela Comissão de Ética da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, a quem compete decidir se a instituição de ensino avança para uma queixa por plágio contra o director de Cultura da Câmara de Lisboa.

Em resposta ao PÚBLICO, Carlos Moura-Carvalho também admitiu desconhecer este segundo caso: “Desconheço completamente esta situação, mas irei apurar.”

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