Muitas flores e uma promessa na despedida a Jorge Silva Melo

Actor, encenador e cineasta foi esta manhã sepultado no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa. Na Basílica da Estrela foram muitos os que lhe agradeceram – o tempo, os livros, o amor pelo teatro.

RG Rui Gaudêncio - 18 Março 2022 - Funeral Jorge Silva Melo. Lisboa. Público�
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Cerimónias fúnebres do encenador e cineasta Jorge Silva Melo Rui Gaudêncio
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RG Rui Gaudêncio - 18 Março 2022 - Funeral Jorge Silva Melo. Lisboa. Público Rui Gaudêncio

Uma manhã com muita luz nos claustros da Basílica da Estrela. Uma manhã quente, com o sol a incidir sobre as flores dispostas ao longo do corredor que conduz à Capela de Nossa Senhora do Carmo, onde muitos quiseram despedir-se de Jorge Silva Melo, o actor, encenador dramaturgo e cineasta que morreu na terça-feira, aos 73 anos. A luz é natural, mas cria uma atmosfera tão cenográfica que parece ter sido desenhada com cuidado para um dos muitos palcos que ele conhecia bem.

Se dúvidas houvesse acerca da importância de Silva Melo para o teatro português contemporâneo, que não há, dissipar-se-iam facilmente na presença dos muitos actores – os seus actores , encenadores e antigos ministros da Cultura que compareceram nesta derradeira homenagem.

“Que a tua vontade inquieta não nos deixe. Que a tua memória não se apague”, lê-se num cartão com o carimbo do Museu Nacional do Teatro e da Dança, colocado numa coroa de flores. Ao lado há outras: da ministra da Cultura, da Presidência da República, da Câmara Municipal de Lisboa, da Cinemateca Portuguesa, da Casa Fernando Pessoa. “Obrigada por tudo o que nos deste”, alguém escreveu num papel branco, “obrigada por todos os livros, todas as leituras, todas as histórias”, diz-se noutro.

Fundador de duas companhias-âncora do teatro pós-25 de Abril – a Cornucópia (com Luis Miguel Cintra) e os Artistas Unidos –, Jorge Silva Melo, também crítico, editor, tradutor e cronista talentoso, foi uma referência para várias gerações de artistas, no palco e fora dele.

Criador inquieto, combativo, dado a excessos e “fúrias épicas, as únicas que servem para alguma coisa” (as palavras são dele, ditas a propósito de um livro de memórias), valorizava também o silêncio e o despojamento, tanto num texto de Harold Pinter, como na nave de uma igreja.

O silêncio que esta sexta-feira tomou conta do claustro da Estrela ter-lhe ia caído bem, atrevemo-nos a dizer, tal como os pequenos ramos de flores – cravos, muitos, margaridas e frésias – junto aos vidros, com pequenas mensagens em post-its e outros papéis, como se fossem recados de todos os dias, deixados na mesa da entrada para serem lidos por alguém que há-de chegar.

“O actor, como todos nós, quer ser amado, quer ser ouvido, e tem segredos”, dizia Jorge Silva Melo, que passou mais de meio século a dirigir – e a amar – os actores. A sua companhia, que no próximo dia 23 estreará no Teatro Municipal São Luiz Vida de Artistas, de Noël Coward, a última peça em que trabalhou, também se despediu com flores e uma mensagem curta, que, fazendo lembrar de imediato o seu documentário de 2016, deixa uma certeza que soa, sobretudo, a promessa: “Ainda não acabámos.”

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