DGS define linhas orientadoras para identificar e tratar a covid longa

Fadiga, falta de ar, alterações do olfacto e do paladar, depressão e ansiedade e disfunção cognitiva são alguns dos sintomas mais frequentes do que a DGS chama “condição pós-covid-19”.

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Acompanhamento de doentes com covid longa no Centro de Reabilitação do Norte (CRN) Manuel Roberto

A Direcção-Geral da Saúde publicou esta quinta-feira as linhas orientadoras de diagnóstico e abordagem clínica da covid longa, que está em “em crescimento” em Portugal e que pode “interferir na qualidade de vida” das pessoas afectadas.

“O espectro de sintomas mais frequentes na condição pós-covid-19 inclui fadiga, dispneia (falta de ar), alterações do olfacto e do paladar, depressão e ansiedade e disfunção cognitiva”, adianta a norma assinada pela directora-geral da Saúde, Graça Freitas, e dirigida aos profissionais de saúde.

Também conhecida como long covid, a condição pós-covid-19 é definida pelo espectro de sintomas que ocorrem em pessoas com infecção provável ou confirmada pelo coronavírus SARS-CoV-2, habitualmente três meses após o início da fase aguda da infecção e com pelo menos dois meses de duração.

“Os sintomas podem desenvolver-se durante ou após a infecção aguda por SARS-CoV-2, apresentam impacto na qualidade de vida da pessoa afectada e não são explicados por diagnóstico alternativo”, refere a norma hoje publicada.

A covid longa tem repercussões funcionais potencialmente graves, que interferem com a qualidade de vida e capacidade laboral das pessoas afectadas, com óbvio impacto socioeconómico, adianta ainda a DGS, que considera que a “persistência dos sintomas além das quatro semanas tem vindo a ser pouco estudada nos cuidados de saúde primários, local de acompanhamento da maioria das infecções por SARS-CoV-2”.

Segundo as regras agora publicadas, as equipas de ligação entre os cuidados de saúde primários e cuidados hospitalares “devem optimizar a articulação entre os diferentes níveis de cuidados”.

“A nível hospitalar, as instituições devem promover o trabalho multidisciplinar e multiespecializado, através de um circuito que permita uma adequada articulação com os cuidados de saúde primários, no âmbito da gestão da condição pós-covid-19 e numa ótica de continuidade de cuidados”, refere a DGS.

O principal objectivo da abordagem prevista na norma à covid longa é o reconhecimento precoce de sintomas e sinais que possam indiciar “complicações graves e ameaçadoras da vida e a recuperação sintomática e funcional” da pessoa afectada.

Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que entre 10% a 20% das pessoas com covid-19 sofrem de sintomas após recuperarem da fase aguda da infecção, uma condição “imprevisível e debilitante” que afecta também a saúde mental.

“Embora os dados sejam escassos, estimativas recentes apontam que 10 a 20% das pessoas com covid-19 experimentam doença contínua durante semanas ou meses após a fase aguda da infecção”, refere o Relatório Europeu da Saúde 2021 da OMS divulgado em 10 de Março.

“A condição pós-covid-19 é imprevisível e debilitante e pode, posteriormente, levar a problemas de saúde mental, tais como ansiedade, depressão e sintomatologia pós-traumática”, alerta o capítulo do relatório dedicado à pandemia.

De acordo com o documento da OMS Europa, o que influencia o desenvolvimento e gravidade da covid longa é, até agora, desconhecido, mas não parece estar correlacionado com a gravidade da infecção inicial por SARS-CoV-2 ou com a duração dos sintomas associados, sendo, porém, mais comum em pessoas que foram hospitalizadas.

“Espera-se que o número absoluto de casos aumente à medida que ocorrem novas ondas de infecção na região europeia e é necessária mais investigação e vigilância” a esta condição específica provocada pela covid-19, adianta ainda o documento.

A covid-19 provocou pelo menos 6.011.769 mortos em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

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