Rússia e Ucrânia afirmam que negociações chegaram a um ponto “promissor”

O conselheiro presidencial ucraniano afirmou este domingo que a Rússia está a “começar a falar de forma construtiva” e espera progressos nos próximos dias.

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Imagem da segunda ronda de conversações, a 3 de Março, na Bielorrússia EPA/MAXIM GUCHEK / BelTA / HANDOUT

O balanço das conversas entre as autoridades russas e ucraniana para colocar fim ao conflito na Ucrânia atingiu este domingo o ponto “mais promissor” das negociações. A avaliação é feita quer pelas autoridades russas, quer pelas autoridades ucranianas, que deram a entender que podem existir “resultados positivos” dentro dos próximos dias, escreve a agência Reuters, com base nos comentários feitos pelas duas autoridades ao início desta tarde.

“Não vamos ceder em princípio em nenhuma posição. A Rússia agora entende isso. A Rússia já está a começar a falar de forma construtiva”, afirmou o negociador e conselheiro presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak, num vídeo publicado no Twitter. E deu sinais de que pode haver progressos no entendimento entre os dois países. “Acho que alcançaremos alguns resultados numa questão de dias”, acrescentou. Na mensagem que acompanha o vídeo, Podolyak lembra que as exigências da Ucrânia são o fim da guerra e a retirada das tropas russas.

Também a agência de notícias RIA citou um delegado russo, Leonid Slutsky, para assinalar que as negociações fizeram progressos substanciais. “De acordo com minhas expectativas pessoais, este progresso pode evoluir nos próximos dias para uma posição conjunta das duas delegações”, nomeadamente através da elaboração de um acordo, afirmou Slutsky, sem antecipar detalhes.

Ontem, Zelensky já assinalava uma “abordagem fundamentalmente diferente” de Moscovo nas conversações que continuam a decorrer com Kiev. Zelensky afirmava que a Rússia deixou e fazer só “ultimatos” e já falava em “avanços”. O Presidente ucraniano informou que foi discutida a possibilidade de as negociações com a Rússia se realizarem em Jerusalém. “Em geral, vejo com bons olhos qualquer mediação, mas não considero o primeiro-ministro Naftali Bennett uma pessoa qualquer. Vocês [Israel] podem ter um papel importante porque Israel é um país com uma História rica”, declarou Zelensky, numa resposta ao jornalista Nir Gontarz, o enviado a Kiev do diário Haaretz. Volodymyr Zelenskiy acredita que Israel poderá dar garantias de segurança à Ucrânia.

Putin falou em “mudanças positivas"

Esta sexta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, também afirmou que houve algumas “mudanças positivas” nas conversações, mas não deu mais detalhes. Porém, no sábado, o Presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, falaram com o líder russo por videochamada, mas a conversa não terá sido bem-sucedida.

Segundo as informações recolhidas pelo jornal britânico The Guardian, na chamada que durou 75 minutos, Putin não deu sinais de tencionar retirar as suas tropas do terreno e declarar fim à guerra na Ucrânia. Na transcrição do encontro divulgada pelo Governo russo nem sequer constavam os pedidos de cessar-fogo feitos pela França e Alemanha. No lugar destes pedidos, o Kremlin optou por acusar a Ucrânia de usar civis como “escudos humanos”.

Até agora, a Ucrânia tem dito que a Rússia apresenta “exigências inaceitáveis”. “A Ucrânia e a Rússia estão a negociar, mas as exigências do outro lado são inaceitáveis”, disse declarou este sábado o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmitro Kuleba. “Acreditar que a guerra é apenas uma questão bilateral entre a Rússia e a Ucrânia é um erro”, declarou, vincando que as tácticas russas usadas na Ucrânia são “semelhantes às que foram utilizadas na Síria.

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