E ao terceiro dia de ModaLisboa, o desportivo clássico de Luís Buchinho

Este sábado, no Hub Criativo do Beato, destacaram-se as colecções de Buzina, Ricardo Andrez, Luís Carvalho e Hibu. A tarde foi marcada pelo desfile do consagrado Luís Buchinho, que confessa sentir-se “frágil” há dois anos.

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A colecção de Luís Buchinho Ugo Camera
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Luís Buchinho Ugo Camera
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Luís Buchinho Ugo Camera
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Luís Buchinho Ugo Camera
Jeans
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O designer Luís Buchinho Ugo Camera
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Buzina Ugo Camera
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A designer Vera Fernandes e a modelista da marca Ugo Camera
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Ricardo Andrez Ugo Camera
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O designer Ricardo Andrez Ugo Camera
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O designer Luís Carvalho Ugo Camera
Camisa
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Hibu Ugo Camera
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Hibu Ugo Camera
Camisa
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Hibu Ugo Camera

Junto às escadas, que dão acesso à sala de desfiles, no Hub Criativo de Beato, a fila é longa. Dentro de instantes, o consagrado Luís Buchinho apresentará a proposta do próximo Outono/Inverno, um híbrido entre a faceta mais sensual da assinatura do criador com as silhuetas minimais de uma mulher que encontra protecção no sportswear. No terceiro dia de desfiles da 58.ª ModaLisboa destacaram-se, ainda, Buzina, Ricardo Andrez, Luís Carvalho e Hibu.

Na primeira fila está sentado o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas. Esta é a primeira edição do certame ─ co-organizado pela autarquia ─ desde a sua eleição. Lá fora, a chuva cai e as modelos que cruzam a passerelle parecem estar prontas para a enfrentar, com os sobretudos de Luís Buchinho. Depois de, na estação passada, ter apostado na sensualidade, agora regressa aos tons mais frios, como violeta, o azul e os cinzas, em peças, acima de tudo, confortáveis.

“Sou sempre muito sensível ao que se está a passar. Quando desenhei a colecção de Verão, parecia que estávamos na fase final da covid. Pensei que íamos dar a volta, e não esperava que acontecesse uma guerra na Europa”, começa por lamentar, ao PÚBLICO. No início do processo criativo, ainda influenciado pelo êxito de Outubro passado, desenhou coordenados mais sensuais, como as minissaias, que marcam a sua assinatura, e até opções para os dias de festa, com lantejoulas.

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Luís Buchinho Ugo Camera

Mas, nos últimos meses, com o adensar da pandemia na altura do Natal e a iminência de um conflito no leste europeu, surgiu uma nova versão da colecção, focada na protecção. “Queria juntar as duas ideias: um elemento com alguma esperança de um futuro mais festivo, mas também adaptado a uma vida que não é, ainda, a ideal”, observa Luís Buchinho. O resultado são peças “pragmáticas, muito confortáveis, práticas, muito protectoras”, de “uso do dia-a-dia contra a intempérie”. E resume: “É um desportivo clássico.”

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Buchinho continua a apostar nos plissados e nos enrugados, a que junta, agora, os detalhes cortados a laser em tecidos tecnologicamente tratados no seu atelier. Para os dias mais frios, não faltam os casacos mais descontraídos em lã e tecidos técnicos. “Tenho marcado cada vez mais a minha assinatura, sem dúvida”, resume o criador. “As minhas últimas quatro colecções têm correspondido muito à forma como me estava a sentir, de uma maneira muito emocional”, acrescenta.

E como é que se tem sentido? “Sinto-me frágil há dois anos”, confessa. Para combater a fragilidade, o foco tem estado no trabalho, onde “materializa todos os pensamentos”. Além da colecção de roupa, Luís Buchinho apostou recentemente em mais acessórios, como malas, e até em desenhar óculos de sol, disponíveis nas lojas Ergovisão.

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A princesa da Buzina e o voyeurismo de Andrez

Sem querer cair no “cliché”, com “Untie”, Vera Fernandes, a designer por trás da Buzina, viajou pelo universo da princesa Diana, tecendo um paralelismo com o papel da mulher hoje: “Todas somos princesas. Todas, de certa forma, temos de obedecer a alguns protocolos.” No desfile deste sábado, a marca procurou não só quebrar os protocolos, como proporcionar “um momento leve” a quem assistia.

Leveza foi também o que se sentiu nos coordenados, onde não faltaram os volumes que caracterizam a marca, em tafetá. Vera Fernandes arrojou também em peças novas como os macacões e nos acessórios, os chapéus, inspirados também na princesa de Gales. As mangas de balão ─ a invocar o vestido de noiva da “princesa do povo" ─ foram um dos destaques dos coordenados, numa colecção repleta de cor.

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Buzina Ugo Camera

“A Diana para mim é laranja, fúchsia e rosa”, observa a designer. O laranja, aponta, é uma das cores que tem mais dificuldade em trabalhar e aqui surge em vestido longos, também combinado com o beringela, em várias sobreposições. Para este ano, Vera Fernandes está de olhos postos na internacionalização da marca ─ que apresenta na ModaLisboa desde 2020 ─ e já a investir no mercado brasileiro.

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Apesar da proposta da Buzina ser de Outono/Inverno, Vera Fernandes assegura que numa marca como a sua, que vende sobretudo directamente ao consumidor, não fazem sentido seis meses de espera. Por isso, a colecção deverá estar disponível na loja online da marca já nos próximos dias.

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Da mulher Buzina a passerelle escurece com Ricardo Andrez. Em “Adults Only”, o criador partiu do voyeurismo digital ─ a atitude de espectador que acredita ter-se intensificado nos últimos dois anos. Os modelos usam máscaras que o designer diz serem uma alusão ao erodir das identidades de cada um. É também a sua colecção mais escura de sempre, com foco especialmente nos pretos e nas gangas escuras, com alguns toques de cor. “Nunca fiz nada assim. Gosto muito de cor, mas queria quase limpar o indivíduo”, explica, ao PÚBLICO.

Desconstrução e assimetria marcam as peças, que Ricardo Andrez argumenta serem extremamente funcionais e repletas de detalhes ─ por exemplo, as mangas de alguns casacos têm fechos incorporados para permitir que sejam adaptadas. “A roupa não é estática, cada pessoa vai interpretá-la e dar-lhe vida de outra forma”, lembra. Nesta erosão das personalidades que o criador retratou, os géneros também perderam a importância e assegura que hoje não existem peças de homem ou de mulher.

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No que toca aos materiais, “assumidamente de Inverno”, destaca-se o náilon dos acolchoados que pautam a proposta e as gangas, o material favorito de Ricardo Andrez. O designer tem uma parceria com a fabricante de têxteis, Troficolor, pioneira em gangas mais sustentáveis. Desta vez, usou uma nova ganga que é cardada, tornando-se particularmente confortável. É de destacar um blazer feito neste material.

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A cidade de Luís Carvalho e a festa de Hibu

Em Outubro passado, Luís Carvalho deixou-se levar pelo ambiente bucólico do campo, mas o encanto durou pouco pois para a próxima estação fria, o criador está de volta à cidade. Inspirado pela obra Long Term Parking de Armand Pierre Fernandes, que resulta do empilhamento de 60 carros em 18.000 quilos de cimento, traduziu essa componente industrial numa colecção onde dominam o cinza e o preto, em contraste com o laranja e o azul petróleo.

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Mais uma vez sem género, não faltam as gabardines e os calções ─ uma das assinaturas do criador ─ com pregas e múltiplas camadas. Luís Carvalho introduziu novos tecidos, como vinil, e volta a usar, tal como no Inverno passado, um tafetá com fios de lurex. “É um tecido mais tecnológico que já tem esse aspecto mais impermeável”, explica ao PÚBLICO.

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Cruzando o urbano com o clássico, o designer recupera, também, o pied-de-poule, que se torna irreverente em vestidos mini ou, por contraste, em fatos oversized. O desfile, onde não faltaram as caras conhecidas que vestem a marca, termina com três coordenados que materializam os quadros da escultura num padrão assinado ─ literalmente ─ pelo criador.

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Para o último desfile do dia, a sala de desfiles ganhou uma mesa decorada, onde se lê Hibu. É a marca de Marta Gonçalves que regressa, depois da ausência na edição passada. A jovem criadora volta aos seus pilares dos anos 1990, materializados nas calças de cintura descida com boxers a espreitar por baixo, nos vinis e nas popelinas, em preto, lavanda e verde.

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As gangas com efeito inacabado são outro dos destaque da proposta da designer, que aposta também em sobreposições e em peças mais desportivas, tal como os casacos estilos bomber ou os pólos. A apresentação culmina numa festa, onde a plateia, ávida de celebrações, se junta à designer e aos modelos. O êxtase é tal que Marta Gonçalves não tarda a percorrer os braços da multidão em crowd surfing.

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A música animada fecha o terceiro dia de desfiles no Hub Criativo do Beato. A 58.ª edição termina este domingo, 13 de Março, com as apresentações de Constança Entrudo, Nuno Gama, Carolina Machado, Carlos Gil, Gonçalo Peixoto, Valentim Quaresma e o tão aguardado regresso de Dino Alves. Os desfiles podem ser acompanhados na página oficial do evento e nas redes sociais.

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