Rússia lança novos ataques e expande a guerra para o Oeste da Ucrânia

Forças russas bombardeiam Lutsk e Ivano-Frankivsk, mas também Dnipro, na região Centro. Separatistas dizem ter conquistado Volnovakha, a Norte de Mariupol. Coluna de soldados às portas de Kiev dispersa e reagrupa-se.

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Bombardeamentos em Dnipro mataram pelo menos uma pessoa STATE EMERGENCY SERVICE OF UKRAI/Reuters

As forças da Federação Russa inauguraram mais um capítulo da guerra da Ucrânia, bombardeando cidades na região Ocidental do país, que, até agora, tinha sido relativamente poupada às hostilidades.

Nos primeiros 16 dias de conflito, as tropas russas focaram a sua atenção em Kiev, a Norte, nas cidades portuárias junto ao Mar Negro e à Crimeia, a Sul, e na região vizinha das províncias separatistas do Donbass, no Leste da Ucrânia.

As explosões registadas em Lutsk, a Noroeste, e Ivano-Frankivsk, a Sudoeste, nas primeiras horas desta sexta-feira, tiveram como alvos aeroportos, outras estruturas de aviação militares e fábricas. Foram confirmadas pelos presidentes da câmara de ambas as cidades e pelo Exército russo.

Através do Facebook, Ihor Polishchuk e Ruslan Martsinkiv pediram às populações para não saírem de casa ou para procurarem abrigo. Segundo o presidente da região administrativa de Lutsk, Iuri Pohuliayio, morreram dois soldados ucranianos.

Citado pelas agências noticiosas russas, Igor Konashenkov, porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, informou que os ataques “de longo alcance e com alta precisão” neutralizaram os aeródromos de Lutsk e Ivano-Frankivsk.

Já em Lviv, perto da fronteira entre a Ucrânia e a Polónia, foram activadas as sirenes de aviso, mas não foram registados, até ao momento, quaisquer ataques russos.

Por outro lado, Dnipro, no centro do país, com cerca de um milhão de habitantes, foi atacada durante a noite. Segundo os serviços de emergência ucranianos, o ataque da Força Aérea russa matou pelo menos uma pessoa. O alvo foi um complexo industrial da cidade, a quarta maior da Ucrânia

“As grandes cidades ucranianas estão novamente a ser alvo de ataques devastadores”, denunciou Mikhailo Podoliak, conselheiro do Presidente Volodimir Zelensky, através do Twitter, dando conta das explosões em Lutsk, Ivano-Frankivsk e Dnipro, e acusando a Rússia de estar a levar a cabo uma “guerra destrutiva contra civis”.

Outra das novidades das últimas horas na guerra lançada por Vladimir Putin para “neutralizar”, “desnazificar” e “desmilitarizar” a Ucrânia, tem a ver com a enorme coluna de veículos militares e peças de artilharia que estava estacionada nos arredores de Kiev – e que chegou a ter cerca de 64 quilómetros de comprimento.

As imagens de satélite disponibilizadas na quinta-feira pela empresa norte-americana Maxar Technologies mostram que a coluna está a dispersar para zonas de florestas nas imediações da capital, aparentemente para se reagrupar noutros pontos da região, a partir das quais se acredita que seja lançada nova ofensiva sobre Kiev.

Quanto à região Leste da Ucrânia, onde se verificam alguns dos cenários humanitários mais dramáticos desta guerra – particularmente em Mariupol, cercada e bombardeada hora a hora e há vários dias consecutivos –, há relatos de nova conquista das forças invasoras.

Citados pela agência russa RIA, os rebeldes separatistas pró-russos anunciaram ter tomado o controlo da cidade de Volnovakha.

Kharkiv, no Nordeste, também continua debaixo do fogo da artilharia russa. Citado pela Sky News, Ihor Terekhov, presidente da câmara da cidade, diz que só num dia contou 89 bombardeamentos.

Nesta sexta-feira, o Governo ucraniano diz estar a contar com a abertura de 12 “corredores humanitários”, para permitir a saída em segurança dos civis que estão nas cidades mais afectadas pela guerra.

Esses vias de fuga, informou a vice-primeira-ministra Irina Vereshchuk, incluem as seguintes rotas: de Mariupol para Zaporizhzhia; de Polohi e Enerhidar para Zaporizhzhia; de Volnovakha para Pokrovsk; de Izium para Lozova; de Andriivka, Makariv e Borokianka para Zhitomir; e de Bucha, Hostomel, Kozarovichi e Mikulichi para Kiev.

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