Jerónimo Martins alerta para subida da inflação alimentar

Companhia de distribuição dona do Pingo Doce e da polaca Biedronka confirmou vendas acima de 20 mil milhões no ano passado. Conflito militar na Ucrânia, vizinha do país onde o grupo foi buscar quase 70% das vendas em 2021, vai agravar inflação alimentar, avisa.

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Pedro Soares dos Santos, pesidente da Jerónimo Martins SGPS Rui Gaudenco

O grupo Jerónimo Martins, que está desse 1995 a operar no retalho alimentar na Polónia, admite nas suas perspectivas para este ano que “o rápido aumento da inflação dos produtos alimentares, da energia e dos transportes é intensificado pelo conflito militar [na Ucrânia] e por crescentes limitações sentidas nas cadeias de abastecimento internacionais”.

Nas perspectivas para 2022, hoje anunciadas ao mercado juntamente com as contas de 2021, a administração do grupo de distribuição que em Portugal é dono do Pingo Doce e do Recheio, afirma que a situação em território ucraniano “intensifica os desafios que se antecipam”, embora admita que na segunda semana “após a invasão da Ucrânia pelas forças militares da Federação Russa, ainda é cedo para compreender todas as consequências sobre a região, sobre a Europa e sobre o mundo”. “Além disso”, acrescenta “verifica-se uma visível depreciação das moedas da Europa de Leste, nomeadamente do zloty”.

Na Polónia – país que já terá acolhido em menos de duas semanas mais de 1,2 milhões de refugiados ucranianos a fugir da guerra – as 3.250 lojas do grupo Biedronka foram responsáveis por 14,54 mil milhões de euros (69,7%) das vendas consolidadas de 20.889 milhões que o grupo realizou no ano de 2021, foi hoje confirmado. O grupo tem ainda a rede Hebe, de parafarmácias, com 291 unidades e vendas de 278 milhões de euros.

“Apesar da falta de visibilidade neste momento sobre o impacto dos recentes acontecimentos na Ucrânia, particularmente no alcance da inflação de custos, a Biedronka está preparada para reforçar o seu investimento em preço e garantir a sua competitividade, o que irá aumentar a pressão sobre as margens”, admite a cotada liderada por Pedro Soares dos Santos.

Apoiar o “esforço polaco para ajudar o povo ucraniano"

A companhia, através da Biedronka, “espera poder manter o seu plano de expansão para o ano” na Polónia e mantém a intenção de abrir mais “130 lojas e um novo centro de distribuição, bem como remodelar cerca de 350 localizações em 2022”.

Mas salienta que “a situação actual exige uma monitorização ainda mais rigorosa e uma maior capacidade de adaptação”. O grupo irá assim “de forma contínua, reavaliar as necessidades e prioridades”, de forma a garantir que o seu “primeiro objectivo na Polónia é atingido”: trabalhar com os fornecedores “para ultrapassar prováveis constrangimentos na cadeia de abastecimento e continuar a ser a loja alimentar preferida dos polacos [o grupo é líder no retalho alimentar na Polónia], enquanto apoiamos o esforço Polaco para ajudar o povo Ucraniano”.

Neste contexto, destaca os seus colaboradores num mercado que agora a enfrentar o êxodo de quase 1,3 milhões de pessoas do país vizinho. A flexibilidade e a agilidade de resposta perante circunstâncias particularmente exigentes continuarão a caracterizar a atitude das nossas equipas que têm revelado uma notável mobilização para ajudar os refugiados” da Ucrânia, acrescenta a administração.

Em conclusão, “embora as circunstâncias actuais não aconselhem acelerar decisões em relação a futuros caminhos de crescimento”, a administração do grupo controlado pela holding familiar Sociedade Francisco Manuel dos Santos acredita que a Jerónimo Martins SGPS continua a ter “a flexibilidade financeira necessária para o fazer, sem comprometer a execução do plano de investimento para o ano (cerca de 850 milhões de euros) e o pagamento de
dividendos” no montante de 493,3 milhões de euros, equivalente a 0,785 euros por acção (antes de impostos) – e a 100% dos resultados líquidos consolidados “excluídos os efeitos da aplicação da [norma contabilística] IFRS16”.

O grupo fechou o ano com lucros, após interesses minoritários, de 463 milhões de euros (à luz da aplicação do IFRS16), mais 48,3% face a 2020. O EBITDA (sigla em inglês para resultados antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 1,5 mil milhões de euros, mais 11,4% do que um ano antes.

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