Missão da OSCE na Ucrânia retira funcionários e suspende actividade no terreno

Organização confirma “evacuação temporária” de todo o staff internacional e está a ajudar os seus membros ucranianos que querem deslocar-se internamente com “transporte e abrigo”.

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Últimos funcionários internacionais da OSCE abandonaram a Ucrânia na segunda-feira Adriano Miranda

A Missão Especial de Monitorização para a Ucrânia (SMM) da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) anunciou ter completado na segunda-feira a operação de “evacuação temporária” dos seus funcionários internacionais do país, “via Moldova, Roménia e Federação Russa”, precipitando, dessa forma, a suspensão das actividades de monitorização do conflito no terreno.

Citada pela Reuters, Helga Schmid, secretária-geral da organização intergovernamental de promoção da segurança, direitos humanos e eleições livres no continente europeu – que inclui países como a Rússia, os Estados Unidos, a Ucrânia ou Portugal entre os seus membros – confirmou que os “cerca de 500 funcionários internacionais” que estavam na Ucrânia foram “transferidos em segurança”.

“As operações de evacuação começaram a 25 de Fevereiro. Os membros internacionais de cada uma das dez equipas de monitorização da SMM (Kherson, Odessa, Lviv, Ivano-Frankivsk, Kharkiv, Donetsk, Dnipro, Chernivtsi, Luhansk e Kiev) foram retirados assim que foram cumpridos os requisitos de segurança”, explicou a SMM, no seu último relatório.

“O monitor-chefe e a direcção [da missão] foram transferidos de Kiev para uma base temporária na Ucrânia Ocidental a 26 de Fevereiro. Permaneceram no país durante o processo de evacuação e seguiram na última coluna de membros internacionais que abandonou a Ucrânia, através da Moldova, a 7 de Março”, refere o relatório, dando conta das dificuldades e dos atrasos na retirada dos funcionários destacados em Kherson e em Kharkiv “por causa dos combates” em curso nessas cidades – a primeira já foi conquistada pelas tropas russas.

A OSCE revelou ainda que está a prestar apoio aos funcionários de nacionalidade ucraniana da SMM que queiram deslocar-se internamente no país, “ajudando-os com transporte e abrigo sempre que possível, incluindo com veículos da SMM e com instalações da SMM”.

“A dura realidade é que muitos membros nacionais da missão ainda permanecem em cidades que estão cercadas”, lamentou Schmid. “A sua segurança tornou-se prioritária, em detrimento de quaisquer tarefas. Não esperamos e não podemos esperar que trabalhem em tais circunstâncias.

O relatório da SMM refere, porém, que os ucranianos que não pretenderem abandonar o seu local de residência ou deixar de trabalhar “vão continuar a exercer o trabalho administrativo necessário “nas instalações e nos activos da missão”, de forma a anteciparem “o regresso das operações na Ucrânia”.

A SMM para a Ucrânia iniciou as suas actividades no país em Março de 2014, respondendo a um pedido do Governo ucraniano, aprovado pelos 57 Estados membros da OSCE, na sequência dos protestos que levaram à queda do Presidente Viktor Ianukovich e que levaram à anexação russa da Crimeia e ao início da guerra entre o Exército ucraniano e as forças separatista pró-russas na região do Donbass.

“A SMM é uma missão desarmada e civil, presente no território, 24 horas por dia e sete dias por semana, em todas as regiões da Ucrânia”, lê-se no site da OSCE. “As suas principais tarefas são observar e reportar, de forma imparcial e objectiva, a situação na Ucrânia; e facilitar o diálogo entre todas as partes envolvidas na crise”.

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