Houve um aumento residual de água nas barragens onde EDP parou de produzir mas seca persiste

A fraca precipitação atmosférica registada no mês de Fevereiro traduziu-se na redução da água armazenada em 11 das 12 bacias hidrográficas nacionais.

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Bravura, no Algarve Miguel Manso

O mês de Fevereiro chegou ao fim marcado pela ausência generalizada de chuva e o agravamento da seca meteorológica. No boletim de armazenamento das 60 albufeiras públicas monitorizadas pelo Serviço Nacional de Informação dos Recursos Hídricos, 23 apresentavam um volume de água inferior a 50% da sua capacidade máxima de enchimento, 29 registavam uma reserva de água entre os 50% e os 80% e apenas 7 albufeiras tinham um nível superior a 80%.

Nas barragens de Alto Lindoso, Alto Rabagão, Tabuaço, Cabril e Castelo do Bode, onde o Governo suspendeu a produção eléctrica devido à substancial redução nos seus armazenamentos, o acréscimo de água durante o último mês foi residual.

Assim, a albufeira de Alto Lindoso, na bacia hidrográfica do Lima, recebeu um reforço de apenas 7 mil metros cúbicos, que equivale a uma subida de 2,20 metros na sua cota. O Alto Rabagão, na bacia hidrográfica do Cávado, teve um aumento de 4 mil metros cúbicos, que colocaram a sua cota 39 centímetros acima, e em Tabuaço, na bacia hidrográfica do Douro, houve uma subida de 25 centímetros no seu nível de armazenamento, o que equivale a 700 metros cúbicos.

No início de Fevereiro, o ministro do Ambiente João Matos Fernandes declarou que as cinco barragens, que se encontram ao serviço da EDP, teriam quotas mínimas de utilização para garantir o abastecimento de água para consumo humano durante dois anos.

A nível nacional, os armazenamentos em 11 das 12 bacias hidrográficas encontravam-se inferiores às médias de armazenamento de Fevereiro (entre 1990/91 a 2020/21). A bacia do Arade no Algarve era a única excepção.

O mês de Fevereiro não foi nada promissor para as albufeiras de Cabril e Castelo do Bode na bacia hidrográfica do Tejo. A primeira manteve o mesmo volume de água registado no final do mês de Janeiro, ou seja, 251.000 metros cúbicos, e Castelo do Bode registou um decréscimo de mil metros cúbicos no seu volume armazenado, que era no final de Fevereiro de 649.000 mil metros cúbicos (59,3%) da sua capacidade máxima de enchimento.

As situações mais problemáticas na escassez de recursos hídricos continuam a observar-se na bacia do Sado, onde cinco (metade) das barragens que integram o sistema hidrográfico apresentam volumes de armazenamento inferiores a 50% da sua capacidade máxima de enchimento: Campilhas (4,1%), Monte da Rocha (15,3%), Fonte Serne (23,9%), Roxo (30,9%) e Odivelas (38,3%). As duas últimas albufeiras estão a receber água de Alqueva, através de um sistema de transvase.

Na bacia do Mira, a reserva de água na albufeira de Santa Clara (41%) revela também uma situação crítica dadas as múltiplas funções a que se destina: abastecimento público do concelho de Odemira, fornecimento de água ao complexo mineiro de Neves Corvo e ao perímetro de rega do Mira.

A barragem do Alqueva, com 3.265.000 de metros cúbicos (78.7%), garante uma reserva de água para dois anos ao sistema de rega, consumo humano, produção de energia eléctrica e caudal ecológico.

Neste momento já se prepara a instalação de um ramal para o fornecimento de água a partir do Alqueva à barragem do Monte da Rocha, situada no concelho de Ourique. Estará concluído “no final de 2003”, garantiu na passada semana, em Évora, o vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Pimenta Machado.

A água armazenada em Monte da Rocha (15%) “está disponível para dois anos do consumo humano e a rega de culturas perenes, no caso particular do olival”, esquematizou o vice-presidente da APA, acrescentando que vai ser “reduzida a rega das culturas temporárias”.

A previsão para os meses de Março e Abril apresentada pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) antecipa uma “temperatura média mensal com valores acima do normal e precipitação total mensal com valores abaixo da média para o Continente e Açores.”

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