Os artistas na urgência de uma nova sensibilidade

Face à urgência ambiental, à ameaça da extinção da vida no planeta, diante de uma crise ecológica sem precedentes, o que podem os agentes das artes visuais pensar, fazer e mostrar? O Ípsilon interpelou vários artistas e duas curadoras que também são investigadoras. E descobriu uma sensibilidade que permite-se imaginar outra estética e outra relação com o mundo natural e, por consequência, com o planeta.

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Marco Pires�

Na sinopse de Inclusions — Aesthetics of the Capitalocene, do crítico e curador Nicolas Bourriaud, anuncia-se uma ideia: a de que a actual crise ecológica trouxe uma nova paisagem relacional, se não mesmo uma nova era. Ora, os artistas seriam, na perspectiva do autor, os antropólogos dessa nova era. Reconheceriam, com sensibilidade profunda e original, o esboroar da divisão entre a natureza e a cultura, divisão essa que teria sido a matriz de segregações milenares. Bourriaud, e seguimos a sinopse (o livro ainda não tem data de lançamento), refere-se mesmo a uma nova geração de artistas interessados em estudar os efeitos do humano no universo e a interacção entre humanos e não-humanos, numa crítica, mais ou menos directa, à mercantilização dos elementos naturais. A arte contemporânea, com todas as suas incoerências, reclamaria uma função, religando-se — diz ainda o crítico — ao mundo arcaico da magia, dos saberes ancestrais, dos feiticeiros, das bruxas e dos xamãs. Por outras palavras, teria sobrevivido um nexo entre a arte e certos aspectos das funções sociais e das práticas espirituais dessas sociedades. E esse nexo, agora animado pelos artistas, permitiria combater a desvitalização do mundo. Nesse processo, a história da arte revelava-se-lhes na condição de uma rede de galerias subterrâneas separadas ou distantes que eles percorreriam e colocariam em contacto.

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