“Preparadíssimo”, “desempoeirado” e “bem-humorado”. As reacções à morte de Rocha Andrade

Socialistas e bloquistas foram os primeiros a reagir à morte do ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais. Fernando Rocha Andrade morreu esta segunda-feira, com 51 anos, vítima de doença prolongada.

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Fernando Rocha Andrade tinha 51 anos Miguel manso

As reacções à morte de Fernando Rocha Andrade, ex-secretário de Estado socialista, recordam o antigo governante como “um dos melhores” e mais “bem preparados” políticos da sua geração. Os socialistas e os bloquistas foram os primeiros a reagir nas redes sociais, onde a notícia da morte de Rocha Andrade é recebida entre homenagens e surpresa. O socialista morreu esta segunda-feira com 51 anos, vítima de cancro do pâncreas.

“O Fernando não era apenas um (bom) técnico. Tinha um sentido e um gosto apurado da política. Sei como senti a sua falta quando, inesperadamente, ele teve de abandonar o Governo”, escreveu a eurodeputada socialista, Maria Manuel Leitão Marques, no PÚBLICO. “Ele era um jurista de mão cheia e um especialista em Direito Fiscal. Mas não era essa a sua qualidade que eu mais apreciava. O que eu mais gostava nele era ser um criador de soluções, que desenhava primorosamente e executava ainda melhor”, lê-se na homenagem da socialista.

Numa nota enviada à agência Lusa, o primeiro-ministro, António Costa assinalou a tristeza de “ver partir tão precocemente (...) um camarada, um amigo, alguém por quem nutria uma profunda admiração”. “Quem teve o privilégio de o conhecer e com ele trabalhar ou estudar sabe que perdemos uma inteligência brilhante, criativa e inspiradora, que só a doença levou de vencida”, afirma ainda António Costa, de quem Rocha Andrade foi subsecretário de Estado do Ministério da Administração Interna em 2005 e, mais recentemente, governante.

Eduardo Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, assinalou a “enorme perda” para a Universidade, o PS e o país. “Rocha Andrade era um jurista brilhante e uma pessoa de uma grande humanidade, cuja morte prematura constitui uma enorme perda”, sublinhou Eduardo Ferro Rodrigues, nota nota de pesar citada pela Lusa.

Numa nota publicada no sítio oficial da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa “lamenta a morte de Fernando Rocha Andrade e envia as mais sentidas condolências à família e amigos, relembrando a sua contribuição ao serviço de vários governos de Portugal e como deputado, bem como a sua contribuição à Universidade como professor e investigador”.

Também o grupo parlamentar do PS expressou “o seu mais profundo pesar” de “um dos melhores quadros” do PS. “O seu desaparecimento é uma perda irreparável para o PS, mas é, sobretudo, para muitos de nós, a perda de um muito querido amigo e de um insubstituível camarada”, lê-se na nota. O grupo parlamentar recorda Rocha Andrade “foi um dos melhores da sua geração, um espírito sempre livre e lúcido, irreverente e consistente, um prestigiado académico, que parte cedo demais e deixa entre nós um imenso vazio”.

O ministro das Finanças, João Leão, citado pela Lusa, afirmou que “o País vê hoje desaparecer um homem inteligente, afectuoso, imaginativo. Um homem de diálogo e um democrata, por quem tinha grande consideração e enorme estima”. Leão fez questão de destacar o papel “decisivo” que Rocha Andrade, enquanto secretário de Estado, teve na saída de Portugal do procedimento por défices excessivos, assim como os contributos da sua “capacidade diálogo, criatividade e espírito de negociação” para as “negociações com os parceiros parlamentares na fase inicial e crítica do governo minoritário”.

No Twitter, o também eurodeputado socialista, Pedro Marques, deixou elogios ao ex-governante. “Não tenho qualquer dúvida: era um dos melhores da minha geração”, declarou.

Também o socialista Carlos Zorrinho lamentou a partida de “um grande profissional” e “de uma pessoa excepcional”.

“Bem preparado, desempoeirado e bem-humorado. É o mínimo que se pode dizer sobre Fernando Rocha Andrade”, resumiu a dirigente e deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, através de uma publicação no Twitter.

O bloquista José Gusmão deixou também uma palavra de homenagem a Rocha Andrade, que conta ter conhecido nas reuniões de negociação da “geringonça”. “Era preparadíssimo, transparente e leal. E de esquerda. E tinha sentido de humor. Fará falta”, escreveu o eurodeputado bloquista no Twitter.

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