Bolsas europeias encerram em queda com petróleo em alta, por receio de “ataque iminente” na Ucrânia

Depois de desvalorizações mais expressivas durante a manhã, os principais índices europeus encerraram a perder cerca de 2%, com Lisboa a registar uma queda menor, de 1,49%. Petróleo em máximos de 2014.

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Reuters/LUCAS JACKSON

Os mercados financeiros estão a levar a sério o alerta feito pelos Estados Unidos de que poderá “estar iminente” um ataque da Rússia à Ucrânia. Os principais índices bolsistas europeus iniciaram a semana a negociar em forte queda, em alguns casos com perdas superiores a 3%, e com as maiores desvalorizações a registarem-se, segundo a Reuters, nos títulos de empresas de viagens, bancos e automóveis.

O encerramento ficou, no entanto, abaixo das perdas máximas da sessão. A ligeira recuperação na recta final de negociação levou as principais bolsas a fechar com quedas na casa dos 2%. A bolsa de Lisboa perdeu um pouco menos (1,49%), seguida da praça de Londres (1,69). Já Madrid deslizou 2,55%, acima das quedas de 2,27% de Paris, e de 2,02% de Frankfurt e Milão.

Na praça portuguesa, todas as cotadas do PSI-20 encerraram em terreno negativo, mas a destacar-se a forte recuperação do BCP, que encerrou a perder 2,29%, depois de ter estado a desvalorizar 5% durante a sessão. As maiores quedas verificam-se na Ibersol (de 4,02%) e nos CTT (de 3,13%).

Para a redução de perdas das bolsas europeias contribuiu à abertura mista dos principais índices bolsistas norte-americanos, com ganhos muito ligeiro no Nasdaq, e perdas, também moderadas, no Dow Jones e S&P 500. O menor nervosismo de Wall Street, nesta segunda-feira, acontece depois de perdas expressivas no encerramento dos mercados na última sexta-feira.

Nas matérias-primas, destaca-se a subida dos preços do petróleo, que, no caso do Brent, referência para as economias europeias, para entrega em Abril, chegou a ultrapassar os 95 dólares o barril, corrigindo ligeiramente ao longo do dia, para valores ainda assim acima de 94 dólares. A cotação do Brent está em máximos desde 2014, e esta subida é vista como preocupante pelo impacto no crescimento económico e na inflação.

O West Texas Intermediate (WTI), referência para os Estados Unidos, também esteve a subir para 93,30 dólares por barril, na segunda metade da sessão.

Os mercados de electricidade e gás na Europa também estão a registar fortes valorizações no mercado secundário, onde se negoceiam contratos de fornecimento a prazo, tendo as subidas chegado a dois dígitos, em alguns casos. A Rússia é responsável por uma parte substancial do fornecimento do gás na Europa e a Ucrânia desempenha um papel central no transporte dessa energia para os clientes europeus, com um terço dos gasodutos do gás russo situado no seu território.

Como sempre acontece nos momentos de maior tensão, os investidores procuram activos de refúgio e, neste caso, as dívidas soberanas estão a assumir esse papel. Esta segunda-feira, as taxas de juro das obrigações estão em queda em toda a zona do euro, entre seis e nove pontos base, com o custo da dívida alemã a dez anos a cair oito pontos base, para 0,21%.

As obrigações portuguesas a dez anos estão a cair 0,6 pontos base, para cerca de 1,11%.

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