Laboratórios Germano de Sousa foram alvo de ataque informático

Suspeita-se que tenha sido um ataque do tipo ransomware, mas os laboratórios ainda estão a investigar o que aconteceu.

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Nelson Garrido

Os laboratórios Germano de Sousa foram, esta quinta-feira, alvo de ataque informático, segundo avançou o Jornal Económico.

À CNN Germano de Sousa disse que a empresa está, neste momento, a apurar a dimensão do ataque e o tipo de informação que pode ter sido afectada. Segundo o médico, tudo indica que não houve interferência nos dados dos doentes, mas isso ocorreu no contacto com os postos de colheita para os testes covid-19.

Germano de Sousa disse também que foi interrompido o fluxo de informação com a CUF e outros hospitais por uma questão de segurança e para não comprometer os outros serviços, enquanto não se resolve a situação. Suspeita-se que tenha sido um ataque do tipo ransomware, mas os laboratórios ainda estão a investigar o que aconteceu.

Este ataque informático já teve impacto no boletim epidemiológico desta quinta-feira, documento que revela diariamente o número de novos casos de covid-19 e de mortes provocadas pelo vírus. De acordo com a Direcção-Geral da Saúde, estima-se que estes problemas informáticos “resultem numa quebra de casos positivos entre 5% a 10% do total de casos apresentados”, dizendo que as notificações em atraso vão ser repostas neste boletim epidemiológico assim que possível.

À Lusa o administrador e fundador do grupo Germano de Sousa de Sousa confirmou também que foi um vírus que entrou no sistema informático. “Eles lançam centenas de vírus deste tipo e um entrou no nosso sistema. Felizmente temos tudo em duplicado e neste momento estamos a repor e a limpar tudo, estando a trabalhar normalmente”, adiantou.

O laboratório já informou que não havia cancelamentos e que os exames continuam a decorrer, apesar de haver uma maior lentidão.

Numa declaração enviada à comunicação social, a CUF afirma que tomou conhecimento, esta manhã, de que “o seu parceiro na área das análises clínicas foi alvo de um ciberataque à sua rede, o que criou intermitências no seu respectivo sistema”, mas sublinha que “os sistemas da CUF não foram afectados”.

Como tal, adianta, “o acesso ao serviço de análises clínicas nas unidades CUF e a disponibilização de relatórios e resultados clínicos poderão sofrer constrangimentos, até que o sistema do nosso parceiro esteja totalmente restabelecido, o que esperamos que venha a acontecer progressivamente”. Neste contexto, a CUF suspendeu temporariamente as colheitas de ambulatório, lamentando o incómodo que possa criar aos clientes.

Várias empresas e serviços, em Portugal, têm sido alvo de ataques informáticos nos últimos dias. Aconteceu ontem com o grupo de comunicação Trust in News, que detém as revistas Caras e Visão.

Na segunda-feira os piratas informáticos atacaram a Vodafone Portugal, que ainda hoje está a tentar reparar os danos provocados e há ainda clientes com problemas nos serviços.

No dia 6 de Fevereiro a Polícia Judiciária (PJ) disse à Lusa que estava a investigar uma “situação que tem que ver com eventual ataque informático” aos sites da Cofina, que inclui o Correio da Manhã, Jornal de Negócios, entre outros, que ficaram indisponíveis durante várias horas”.

No dia 30 de Janeiro houve um ataque ao site do Parlamento. Chegou a referir-se que podia ter sido levado a cabo pelos Lapsu$ Group, os mesmos piratas que atacaram o grupo Impresa no dia 2 de Janeiro, e que já tinha feito vários ataques a instituições públicas no Brasil, mas o grupo desmentiu ser o autor deste ataque – ao contrário do que sucedeu com aquele que visou o grupo Impresa.

A propósito do ataque à Vodafone, no dia 8 de Fevereiro, numa conferência de imprensa, o coordenador da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica (UNC3T), Carlos Cabreiro, veio dizer que o ciberataque a esta empresa de telecomunicações estava a ser investigado como um único ataque e que “as notícias que deram conta de que existiriam outros alvos ou outros ataques informáticos sobre outras instituições não correspondem à verdade”.

Carlos Cabreiro disse mesmo que era prematuro associar o ataque à Vodafone a outros ataques que tenham ocorrido nos últimos tempos. A PJ terá pedido, no entanto, a colaboração internacional para a ajudar nesta investigação.

Segundo o coordenador da UNC3T, esse trabalho “é feito em equipa”, não só em termos de cooperação internacional, envolvendo a Europol e a Interpol, por exemplo, mas também nacional, envolvendo o Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) e os serviços de informações do Estado.

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