Costa “disponível” para debates quinzenais. “O Governo toca a música que lhe mandarem tocar”

António Costa afirmou que o Governo não tem estados de alma sobre a realização dos debates, mas criticou o antigo modelo “construído para ser um duelo”.

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António Costa diz que estará disponível para retomar o modelo quinzenal que surgiu na maioria absoluta de José Sócrates LUSA/MÁRIO CRUZ

O primeiro-ministro afirmou nesta quarta-feira que está “disponível para ir à Assembleia da República sempre que a Assembleia da República assim o entender”, garantindo que não se irá opor ao regresso dos debates quinzenais (eliminados em 2020) caso os partidos decidam retomar esse modelo de debates. Porém, deixou críticas ao anterior modelo, por ser vivido no Parlamento como um “duelo” que deteriorava relações “pessoais e políticas”.

“Estas matérias têm de ser pensadas de acordo com a periodicidade e também com o modelo dos debates”, defendeu, criticando o modelo que está “construído para ser um duelo”. “Nunca fui favorável ao anterior modelo dos debates quinzenais, não tanto pela periodicidade​, mas pelo desenho de modelo, que não estava desenhado para ser nem um instrumento de fiscalização do Governo nem um instrumento útil ao debate político. Estava concebido como um duelo. E o duelo na vida política não é saudável”, justificou o primeiro-ministro, acrescentando que o anterior modelo de debates “degradava as relações pessoais e as relações políticas” e eram “mais sketchs de produção para televisão do que fiscalização efectiva da actividade do Governo”, ironizou.

Porém, ressalvou que essa é uma decisão que só será tomada numa alteração ao regimento do Parlamento. “As eleições só alteraram a organização da Assembleia da República, não produziram nenhuma alteração constitucional​”, afirmou. “Tenho vivido com vários formatos de debate e a Assembleia é soberana sobre essa matéria”, acrescentou. “O Governo toca a música que lhe mandarem tocar”, resumiu. “Se o debate for diário, lá irei todos os dias; se for semanal, lá irei todas as semanas; se for bimensal como actualmente é, assim será.”

Vários partidos têm defendido o regresso dos debates quinzenais numa altura em que o executivo vai governar em maioria absoluta. António Costa tem dado sinais de querer um governo de diálogo, apesar de ter mais de metade dos deputados no Parlamento.

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