Conselho Estratégico da Saúde alerta para “grave subfinanciamento” do SNS

Défice orçamental chegou a 1100 milhões de euros em 2021, “o maior alguma vez registado”, diz o Conselho Estratégico Nacional da Saúde

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Daniel Rocha

O Conselho Estratégico Nacional da Saúde (CENS) da Confederação Empresarial de Portugal alertou hoje para o “grave subfinanciamento” do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que apresentou um défice de 1.100 milhões de euros em 2021.

“Com a despesa efectiva a aumentar a 7% e a receita a ficar-se pelos 0,5%, o défice foi muito significativo, chegando a 1100 milhões de euros, o que representa um enorme agravamento face ao previsto no Orçamento do Estado para 2021 (89 milhões de euros). O país encontra-se perante o maior défice orçamental alguma vez registado”, adiantou o CENS em comunicado.

Este órgão da Confederação Empresarial de Portugal reúne oito associações do sector, representando mais de 4.500 empresas que empregam cerca de 100 mil trabalhadores.

Segundo esta entidade, a execução orçamental do SNS comprova a “situação de grave subfinanciamento, com as transferências do Orçamento do Estado a ficarem muito aquém das verdadeiras necessidades que decorrem da actividade assistencial”.

De acordo com o CENS, os dados da execução orçamental demonstram ser “imprescindível aumentar a dotação orçamental para cumprir compromissos, recuperar a actividade assistencial tão afectada pela pandemia e garantir o acesso aos cuidados de saúde de que os portugueses necessitam”.

No comunicado, o CENS adianta, com base em dados da Direcção-Geral do Orçamento (DGO), que a execução orçamental do SNS em 2021 registou um crescimento da despesa corrente de 7,7% face ao ano anterior, impulsionada pelo aumento das aquisições de bens e serviços (mais 9%) e das despesas com pessoal (mais 6,7%).

Estes valores, de acordo com o CENS, revelam o impacto da pandemia no que diz respeito a custos com testes de diagnóstico como ao “aumento dos encargos com suplementos remuneratórios, em especial com trabalho extraordinário realizado no âmbito do combate à covid-19”.

“Ainda do lado da despesa, continua também a registar-se um corte no investimento do SNS. Assim, em 2021, o investimento do SNS retraiu-se mais de 19% e ficaram por realizar mais de 40 milhões de euros do valor inicialmente orçamentado”, refere.

Em termos de financiamento, o CENS observa ainda que, no ano passado, a receita corrente e efectiva do SNS aumentou 0,5% e as transferências do Orçamento do Estado (OE) registaram um crescimento de 1,2% no acumulado de Dezembro, o que é “substancialmente inferior ao registado em meses anteriores”.

“Em contrapartida, o Estado injectou, em Dezembro, uma nova tranche para capitalização dos hospitais, sendo que, na prática, esse financiamento serviu essencialmente para reduzir dívida vencida. Desta forma, os pagamentos em atraso diminuíram em cerca de 565 milhões de euros no último mês do ano, tendo sido repostos os níveis que existiam em Dezembro de 2020”, adianta.

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