Linha Internet Segura registou mais de 1600 atendimentos e denúncias no ano passado

Linha Internet Segura registou um “grande aumento” nos contactos a denunciar formas de violências associados à ameaça de partilha de conteúdo íntimo.

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REUTERS/MAL LANGSDON

A Linha Internet Segura, da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), registou no ano passado mais de 1600 processos de atendimento e denúncia, com um aumento dos que se referem a ameaças de partilhas de conteúdo íntimo, revelou a organização.

A propósito do Dia da Internet Mais Segura, que se assinala na terça-feira, a APAV divulgou as estatísticas de 2021 da Linha Internet Segura, que registou 1626 processos (atendimento e denúncias), com um “grande aumento” nos contactos a denunciar formas de violências associados à ameaça de partilha de conteúdo íntimo.

No total, foram registadas 134 situações referentes a situações de sextortion, uma forma de violência em que a vítima é coagida a enviar mais conteúdo íntimo ou quantias em dinheiro, para evitar que o/a agressor/a envie imagens ou vídeos íntimos seus.

A APAV sublinha o “contínuo crescimento da denúncia de conteúdos de abuso sexual de menores e de discurso de ódio online e refere que, desde o início da pandemia, estas formas de violência são as que mais têm aumentado, quer a nível nacional quer mundial.

No que se refere ao material de abuso sexual de menores online, “a maior parte continua a ser o material autoproduzido por parte de crianças e jovens, que muitas vezes é conseguido através de manipulação perpetrada por adultos (grooming), sendo depois esse conteúdo comercializado”, alerta a APAV.

A Linha Internet Segura, gerida pela APAV desde 2019, presta apoio nas vertentes de denúncia de conteúdos ilegais na internet e de apoio a questões relacionadas com o uso das tecnologias e a vítimas de cibercrime.

Abril foi o mês com mais denúncias

Os dados da APAV indicam que o mês com maior número de processos de denúncias e apoio registados pela Linha Internet Segura no ano passado foi Abril (441) e que, na área da denúncia de conteúdos ilegais disponíveis online, houve 757 envolvendo conteúdos de abuso sexual de menores e 380 referentes a discurso de ódio.

Foram contabilizadas 1929 imagens categorizadas como conteúdo de abuso sexual de menores e houve 40 denúncias de conteúdos de abuso sexual de menores alojados em Portugal.

O perfil da vítima, de acordo com os dados recolhidos aquando do pedido de apoio, indica que quem mais ajuda pediu (50) tinha entre os 35 e os 44 anos. A linha recebeu 39 pedidos de apoio de vítimas que tinham entre 11 e 17 anos de idade. No total, foram 454 as pessoas a pedir ajuda.

A Linha Internet Segura tem duas dimensões: prestar apoio a vítimas de cibercrime, bem como aconselhar os utentes na adopção de comportamentos seguros no uso da Internet (dimensão helpline) e disponibilizar uma plataforma de denúncia de conteúdos ilegais que estejam disponíveis na Internet, nomeadamente de pornografia infantil, apologia à violência e ao racismo (dimensão hotline).

Na dimensão helpline, os casos de sextortion foram os mais numerosos (134), seguidos de casos de burla (54), furto de identidade (37), difamação/ injúrias (34) e gravação de fotografias ilícitas (33).

A APAV alerta para o facto de os jovens estarem “mais dependentes da tecnologia que nunca” e refere que o questionário Riscos Online dos Jovens Portugueses, um estudo feito em parceria com a Geração Cordão, indicou que mais de metade (51%) dos jovens inquiridos refere que já foi ofendido ou tratado de uma forma desagradável online.

O estudo indica ainda que 41% refere já ter visto “muitas vezes” alguém a ser chantageado, com ameaças de publicação na internet de conteúdos seus, e que 39% dos/as jovens que assistiram/ foram vítimas de violência online não recorreram a ninguém/ nenhum serviço de apoio.

Desde Janeiro de 2019, a APAV é membro do Consórcio Internet Segura (CIS), coordenado pelo CNCS – Centro Nacional de Cibersegurança, que também envolve a FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, DGE – Direcção Geral da Educação do Ministério da Educação, IPDJ - Instituto Português do Desporto e Juventude, a Fundação Altice e a Microsoft Portugal.

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