Tudo em aberto. PS e PSD lado a lado na dianteira; IL, Chega e Bloco em terceiro

Tendência de aproximação entre PS e PSD volta a confirmar-se na sondagem da Católica. Luta está concorrida em vários patamares. Direita só consegue maioria absoluta com o Chega.

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António Costa e Rui Rio taco-a-taco na disputa pela vitória eleitoral

Será uma disputa renhida até ao fim pelo primeiro e pelo terceiro lugares nas legislativas do próximo domingo. O PS (36%) e o PSD (33%) estão tecnicamente empatados na liderança, com uma diferença de apenas três pontos, enquanto a IL, o Chega e o Bloco se acotovelam no último lugar do pódio com 6% cada. E há outra evidência: no melhor dos cenários, a direita só consegue chegar à maioria absoluta de deputados se incluir o Chega.

Segundo os dados da última sondagem do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena1, realizada entre os dias 19 e 26 de Janeiro, é aos socialistas que a campanha tem nitidamente corrido pior: os três pontos que o partido liderado por António Costa perdeu desde 13 de Janeiro (quando agregava 39% da votação) foram os mesmos que Rui Rio ganhou, depois de ter arrancado com 30%. Estes meros três pontos, que são facilmente “engolidos” pela margem de erro, representam a menor distância de sempre entre os dois partidos desde as legislativas de 2019, o que mostra uma tendência favorável à mudança de ciclo político.

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A maioria absoluta rosa pedida no início da campanha eleitoral por António Costa é, por isso, cada vez mais apenas um sonho para o líder socialista e essa evidência foi também perceptível na mudança no seu discurso, nestes últimos dias, em que procurou insistir na ideia de que está sempre “aberto ao diálogo com todos” os partidos à excepção do Chega.

Esta é uma corrida dividida em três compassos e, no que podemos classificar como a Liga dos Últimos, a disputa também está acesa. O estudo do Cesop, cujo trabalho de campo foi realizado entre os dias 19 e 26 deste mês (apanhando, por isso, já esta segunda semana de campanha eleitoral), mostra o Livre, o CDS e o PAN com a mesma votação que tinham na anterior sondagem, com 2% cada, e até a mesma previsão de distribuição de deputados.

O mês de Janeiro viu o caminho entre os dois maiores partidos ir-se estreitando. No final da primeira semana, no dia 7, havia seis pontos a separá-los, com o PS na frente com 38%. Uma semana depois, quase no final da maratona de 30 debates televisivos, o PS ganhou terreno, subindo para 39% e o PSD deixou-se ficar para trás, nos 30% – exactamente os mesmos valores que haviam registado na sondagem do Cesop de Novembro do ano passado.

Mais uma semana passou já com as caravanas na estrada e, no dia 20, os dois partidos começaram a afunilar, com o PSD a ganhar fôlego e a galgar para os 33% enquanto o PS perdeu 2 pontos e caiu para 37% das intenções de voto. Uma margem mínima que levava as duas forças políticas a cair nos limites do que se considera o empate técnico.

A aproximação é ainda maior quando os dois líderes e as comitivas começaram a dramatizar o discurso do apelo ao voto útil e a mostrar cada vez mais a força de agregação de militantes nas várias arruadas diárias que começaram a organizar – apesar de as estatísticas de infectados com covid-19 estarem a quebrar os recordes. E também quando os eleitores consultados pelos estudos começam a ter mais definido o seu voto e a aceitar responder mais facilmente. Um termo de comparação? Nesta sondagem são agora 72% os inquiridos a afirmarem que “de certeza” vão votar e eram 70% há uma semana.

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PS precisará sempre de ex-aliados

Olhando para a tradução das intenções de voto em mandatos parlamentares, o PS poderá eleger entre 95 e 105 deputados (emagreceu cinco numa semana) enquanto o PSD também “perdeu” um, estando agora a previsão entre os 89 e os 99. O que significa que olhando para o pior cenário do PS (95) e o melhor do PSD (99), a vitória de Rui Rio seria agora mais confortável, já que há uma semana era apenas por um deputado.

Ainda assim, o pior PS de 2022 é melhor que o PS de 2015, quando elegeu 86 deputados. No entanto, tal como há sete anos, se tivesse o pior resultado (95 lugares), precisaria reeditar a “geringonça” com o máximo de deputados do Bloco (13) e da CDU (10) para conseguir a maioria absoluta. Estes parceiros seriam mesmo incontornáveis, já que no melhor cenário do Livre e do PAN estes só poderiam ajudar com um total de quatro deputados – isto é, o cenário da “ecogeringonça” não chega para a maioria absoluta (alcançada com pelo menos 116) com o PS mesmo que os socialistas elejam o máximo de 105 deputados e estes novos parceiros tenham o melhor dos resultados previstos na sondagem.

Se se fizer a conta com o melhor PS (105) aliado à melhor CDU (10) ainda fica a faltar um deputado para a maioria – e a solução poderia ser o Livre. Mas o melhor Bloco (13) já seria suficiente para Costa.

No pior dos cenários para a esquerda, com o PAN, seriam 107 deputados, e no melhor chegaria aos 132 deputados (incluindo dois do PAN). Do outro lado, a pior previsão dos quatro partidos seriam 101 deputados (com o CDS a não conseguir eleger), ao passo que, mesmo somando o melhor resultado de todas as forças, a direita só conseguiria chegar à maioria absoluta com o Chega, com 120 deputados. Os dois centristas e a dezena de liberais não chegam para somar aos 99 sociais-democratas.

CDU sem Oliveira em Évora

No pelotão do meio, embora a marca dos 6% de intenção de voto seja partilhada pela Iniciativa Liberal, Chega e Bloco, foram os liberais que ganharam terreno (na passada semana registavam 5%), enquanto a coligação entre o PCP e o PEV manteve os 5%. O que o estudo do Cesop mostra é que os liberais podem estimar agora eleger entre cinco a dez deputados nos distritos de Lisboa e Porto (certos) e também Braga, Aveiro e Setúbal (prováveis) – o que significa que a fasquia desenhada por João Cotrim de Figueiredo de eleger cinco deputados deverá estar cumprida e que poderá até duplicar esse objectivo.

O Chega está na fasquia entre cinco e nove deputados, o que representa um falhanço para os objectivos de ter entre 15 e 25, como André Ventura anunciou em Dezembro – ainda assim, deverá eleger nos distritos de Lisboa, Porto, Santarém, Setúbal, Faro e Leiria. E a previsão para o Bloco é de seis a treze, o que também é um recuo significativo em relação aos actuais 19 deputados. Os bloquistas devem perder Santarém, e arriscam também perder os eleitos por Coimbra, Faro e Leiria, e vêem reduzir-se as cadeiras por Aveiro, Braga, Lisboa, Porto e Setúbal.

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A marca da CDU situa-se entre os quatro e os dez deputados, uma redução face aos actuais 12 – a outra má notícia é que se mantém a previsão de o líder parlamentar João Oliveira não conseguir ser eleito em Évora; a CDU poderá perder também João Dias por Beja e reduzirá os representantes de Lisboa.

A margem de erro desta sondagem é de 2,1% associada a uma amostra aleatória de 2192 entrevistas validadas, quando na passada semana era de 2,6% (para 1456 respostas válidas). Em ambas, a taxa de resposta foi de 42%.

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