Entre a “fantasia e a realidade”, Chanel abriu desfile de alta-costura com a neta de Grace Kelly a cavalo

No cenário criado pelo artista plástico Xavier Veilhan, Charlotte Casiraghi abriu o desfile da próxima Primavera/Verão da casa francesa.

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Charlotte Casiraghi é filha da princesa Carolina do Mónaco e do seu segundo marido, Stefano Casiraghi Reuters/VIOLETA SANTOS MOURA
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A cavaleira emérita e embaixadora da Chanel tem 35 anos EPA/Mohammed Badra
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Da esquerda para a direita: Charlotte Casiraghi, Virginie Viard e Xavier Veilhan EPA/Mohammed Badra
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O desfile recuperou alguns clássicos da marca, como os fatos em tweed Reuters/VIOLETA SANTOS MOURA
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O cenário do desfile foi pensado pelo artista plástico Xavier Veilhan EPA/Mohammed Badra
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A proposta de alta-costura da Chanel para a próxima Primavera/Verão EPA/Mohammed Badra
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Alguma inspiração parece chegar dos loucos anos 20 EPA/Mohammed Badra
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Não faltam as franjas e os folhos EPA/Mohammed Badra
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O tradicional vestido de noiva que fecha o desfile da Chanel EPA/Mohammed Badra
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Virginie Viard apostou no bordado EPA/Mohammed Badra
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Vestido em tweed,Vestido em tweed Reuters/VIOLETA SANTOS MOURA,Reuters/VIOLETA SANTOS MOURA
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Os fatos em tweed ganharam novos elementos como as plumas Reuters/VIOLETA SANTOS MOURA
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"Na época de Coco Chanel, a alta-costura era para todos os dias", salienta Bruno Pavlovsky Reuters/VIOLETA SANTOS MOURA
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As transparências foram outro dos destaques Reuters/VIOLETA SANTOS MOURA
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A proposta de alta-costura da Chanel para a próxima Primavera/Verão Reuters/VIOLETA SANTOS MOURA
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Virginie Viard assumiu a direcção criativa da Chanel em 2019 Reuters/VIOLETA SANTOS MOURA

Esta terça-feira, na Semana da Moda de alta-costura, em Paris, foi um dia histórico para a Chanel ─ pela primeira vez em quase 112 anos de história, a casa francesa confiou a um artista contemporâneo a concepção da encenação de um desfile. No cenário criado por Xavier Veilhan, Charlotte Casiraghi, neta de Grace Kelly e filha de Carolina do Mónaco, abriu o desfile a cavalo, num espectáculo na fronteira entre a “fantasia e a realidade”, define a marca.

O imponente cavalo percorre lentamente a passerelle com Charlotte Casiraghi que, pouco depois, o põe a trote. A filha da princesa Carolina do Mónaco e do seu segundo marido, Stefano Casiraghi, veste um casaco em tweed preto ─ ou não fosse este um desfile da Chanel. A cavaleira emérita e embaixadora da Chanel, com 35 anos, era uma das musas de Karl Lagerfeld e tem sido o rosto da marca por diversas vezes ao longo dos últimos anos ─ em 2021 protagonizou a campanha de Primavera/Verão da linha de pronto-a-vestir.

Agora, regressa a convite da directora criativa Virginie Viard para abrir o desfile na semana de alta-costura, entre as esculturas do artista plástico francês Xavier Veilhan. Os convidados de máscara e com teste negativo à covid-19 sentam-se em bancadas (de acordo com a Chanel inspiradas em campos de mini-golfe) dispersas pela sala do Grand Palais Éphémère, como se assistissem a uma competição equestre.

A música que dá vida ao desfile é tocada por Sébastian Tellier em instrumentos sobredimensionados feitos para o pavilhão francês da Bienal de Veneza, em 2017. “Estes diferentes elementos visuais, livremente imaginados, criam uma atmosfera propícia à maravilha”, explica a Chanel no descritivo do desfile.

“A alta-costura era para todos os dias”

E a maravilha começa com os clássicos da marca: os casacos em tweed. Celebrizados pela fundadora Gabrielle Chanel, conhecida como Coco Chanel, e recuperados por Karl Lagerfeld e Virginie Viard, são uma imagem que até os menos entendidos em moda identificam como sendo a da Chanel. Para a próxima Primavera/ Verão, Viard conjuga-os com calças com um corte mais largo, apertadas em baixo, numa prova que a alta-costura não é só vestuário de festa. “Na época de Coco Chanel, a alta-costura era para todos os dias. Não era apenas para cocktails e passadeiras vermelhas”, salienta o presidente de moda da Chanel, Bruno Pavlovsky, em declarações à Vogue britânica.

À medida que o desfile de 45 coordenados vai evoluindo surgem novas surpresas, como os bordados ingleses, que são materializados em formas geométricas e incorporados, em camadas, nos fatos em tweed e vestidos. “Há um número tão grande de pessoas a trabalhar nestas peças, o que as torna bastante especiais. Em alta-costura, a imaginação pode permitir fazer este tipo de peças”, explica Pavlovsky.

Para os looks de festa, a inspiração parece chegar dos anos 1920, com destaque para o brilho, as lantejoulas, os folhos, as franjas e as transparências. Até a noiva que encerrou, como é tradição, o desfile parecia saída da década dos loucos anos 20. O véu foi substituído por uma coroa com dois laços e o vestido volumoso deu lugar a um modelo mais simples em seda, sobreposto com tule e pedraria.

O desfile desta terça-feira foi a prova de que a Chanel está bem de saúde . Embora as vendas tenham caído 17,6% em 2020, a margem de lucro foi de cerca de 20%, de acordo com os analistas, o que a torna uma das empresas mais rentáveis do sector, avaliada em 280 mil milhões de euros. Em Junho de 2021, a empresa disse esperar que as receitas do ano aumentassem em dois dígitos, em comparação com os níveis pré-pandémicos de 2019. Por exemplo, nos últimos meses, o preço da pequena mala clássica 2.55 subiu 16%, custando agora 7300 euros.

Recentemente, a casa de luxo francesa acolheu uma nova CEO, a executiva Leena Nair. Aos 52 anos, era uma estranha ao mundo da moda, chegada da gigante de bens de consumo Unilever. A contratação foi uma surpresa sobretudo por se tratar da Chanel, controlada por uma família e que tem defendido “com unhas e dentes” a sua independência dos conglomerados da moda de luxo. Os cargos de topo são agora ocupados por duas mulheres, depois de, em 2019, na sequência da morte de Karl Lagerfeld, Virginie Viard ter assumido a direcção criativa.

A Semana da Moda de Alta-Costura continua até esta quinta-feira, 27 de Janeiro, com destaque, ainda, para os desfiles da Fendi e da Valentino. Na segunda-feira, o dia ficou marcado pelas apresentações da Dior e da Schiaparelli.

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