O construtor de pontes passou a destruidor (e está a fazer cair o PS)

Ao ter como plano A a maioria absoluta (trazendo inevitavelmente à memória José Sócrates e também Cavaco Silva) e plano B com governar à Guterres (o “pântano”), António Costa, do alto da sua “egotrip”, parece que está a fazer tudo para que Rui Rio acabe em primeiro-ministro e ele, Costa, vá sossegadinho para casa à espera de um cargo europeu.

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O principal poder presidencial é o da palavra e já por várias vezes Costa minoritário deixou Marcelo a falar sozinho Nuno Ferreira Santos
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Pode haver múltiplas explicações para a queda do PS nas sondagens, mas a insistência – quase bizarra – de António Costa na maioria absoluta, enquanto dinamitava a um nível impensável as pontes à esquerda (que o tornaram primeiro-ministro em 2015), pode ter contribuído para o estado das coisas a uma semana das eleições. Além de os portugueses nunca terem sido particularmente adeptos de maiorias absolutas de um só partido, coisa que só aconteceu três vezes em 47 anos e em situações excepcionais, é impossível que tenha sido ultrapassado o trauma colectivo da única maioria absoluta do PS, a de José Sócrates. Entrevistado pela CNN na sexta-feira à noite, Sócrates disse “que quem quer maioria absoluta talvez devesse começar por não desmerecer a única que o PS teve”. O problema é esse. Costa não a “desmerece”, apenas a omite e ignora, mas neste caso concreto o passado não é um país distante.

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