Vereador que saiu da câmara por se ter vacinado com sobras dos lares está de volta para assessorar o PS

Carlos Castro demitiu-se há quase um ano, depois de ter sido vacinado com sobras de lares e de isso ter causado mal-estar em alguns serviços. Volta agora para prestar “apoio técnico” à vereação socialista no município.

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Carlos Castro teve os pelouros da Protecção Civil, do Desporto e da Higiene Urbana Nuno Ferreira Santos

Carlos Castro, vereador da Protecção Civil no anterior mandato e que acabou por se demitir por ter sido indevidamente vacinado, está de volta à Câmara de Lisboa para ser assessor dos vereadores do PS, que não têm qualquer pelouro atribuído.

Em Dezembro de 2021, o ex-autarca foi contratado para prestar “serviços de assessoria nas áreas técnicas, como sejam a segurança, a protecção civil, o desporto e a higiene urbana e a concepção e desenvolvimento de políticas públicas municipais, para apoio à actividade do Gabinete dos Vereadores do Partido Socialista”, bem como “implementar e suportar a necessária articulação da actividade autárquica desenvolvida, promovendo os estudos que se revelem necessários”, refere o contrato publicado no portal da contratação pública Base.

De acordo com o documento, Carlos Castro foi contratado em regime de avença, por dois anos, estando prevista uma remuneração total de 95.439,10 euros para este período. No primeiro mês de contrato, deverá receber 9131,60 euros, dado “o volume e complexidade do trabalho a desenvolver no início do mandato”. Depois, a remuneração mensal deverá ser de 3752,50 euros.

Carlos Castro demitiu-se do executivo, então liderado por Fernando Medina, a 16 de Fevereiro de 2021, depois de ter sido vacinado, ainda em Janeiro, com sobras de vacinas destinadas aos lares de idosos da cidade e de isso ter causado “mal-estar em vários serviços do município”, como o próprio assumiu na sua carta de demissão. Além de Castro, também a directora municipal de Higiene Urbana, assim como chefias da Polícia Municipal e do Regimento de Sapadores Bombeiros foram inoculados nessa altura.

Questionado pelo PÚBLICO, no terça-feira, sobre esta escolha, o grupo dos vereadores do PS confirmou nesta quinta-feira que Carlos Castro foi contratado para prestar “apoio técnico” à vereação socialista no município. E garante não existir qualquer impedimento ou embaraço nesta contratação pela forma como Carlos Castro deixou o executivo.

“O seu currículo e passado na autarquia, em funções distintas e com elevados níveis e responsabilidade e ligação a diversos serviços, garante um valioso conhecimento técnico e político”, notam os vereadores. Por isso mesmo, acrescentam, “não existe rigorosamente nenhum óbice ou impedimento à contratação de Carlos Castro, que nunca foi responsabilizado por qualquer eventual irregularidade, e assumiu o erro político com a sua demissão da vereação da autarquia”.

Não é a primeira vez que Carlos Castro é contratado pelo seu partido para serviços de assessoria na Câmara de Lisboa. Entre 21 de Novembro de 2017 e 18 de Fevereiro de 2019 prestou “serviços de assessoria nas áreas de planeamento estratégico e gestão operacional em matéria de Protecção Civil” no município, de acordo com a informação que consta no portal Base. Nessa altura, o contrato foi rescindido, uma vez que Carlos Castro voltou à vereação (já tinha sido vereador entre 2013 e 2017) com a saída de Duarte Cordeiro para o Governo. com João Pedro Pincha

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