Zoo de Lisboa nega que os golfinhos estejam amontoados num pequeno tanque

Movimento contra a indústria de cativeiro de cetáceos acusa o Jardim Zoológico de manter os seus golfinhos numa instalação provisória e sem condições há quase dois anos mas este rejeita as acusações.

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A nova instalação dos golfinhos tem alegadamente 270m2 Nuno Ferreira Santos

O grupo Empty the Tanks Portugal tem vindo a acusar nas redes sociais o Jardim Zoológico de manter os seus oito golfinhos num tanque de dimensões reduzidas há quase dois anos. O Zoo diz que o espaço cumpre todas as regras.

Segundo o movimento de protesto contra a indústria de cativeiro destes animais, os golfinhos do Zoo encontram-se “amontoados” há cerca de 22 meses numa piscina de 270 metros quadrados, dividida ao meio, a 10 metros da estrada, devido à realização de obras na Baía dos Golfinhos, situação que os activistas consideram “de uma crueldade inaceitável”.

“Se a arena do circo principal do Jardim Zoológico de Lisboa já era ínfima a comparar com a imensidão dos Oceanos, este confinamento dentro do confinamento na capital do nosso país é uma aberração”, afirmaram os activistas nas denúncias online.

A situação veio alimentar as críticas ao Jardim Zoológico, que já era censurado pelo Empty the Tanks por manter os mamíferos marinhos em cativeiro e promover a sua exploração circense.

Questionado pelo PÚBLICO, o Jardim Zoológico afirmou que “as publicações que têm sido veiculadas sobre a instalação dos golfinhos não são verdadeiras” e que a instalação para a qual os animais foram transferidos “cumpre os requisitos legais” e “todas as orientações internacionais”.

“Na nova instalação são assegurados todos os cuidados alimentares, médicos e de bem-estar animal, princípios que regem a missão do Jardim Zoológico. Para além do acompanhamento exclusivo de uma dedicada equipa de tratadores experientes”, afirmou o Zoo de Lisboa num comunicado divulgado esta terça-feira.

O Jardim Zoológico admitiu ainda que as obras de manutenção se atrasaram devido à pandemia, mas garante que as mesmas visam o bem-estar dos animais, que “nunca foi posto em causa”, “apesar do inconveniente”.

Encontrando-se as remodelações já terminadas, a Baía dos Golfinhos deverá reabrir ao público no início de Fevereiro, altura em que os espectáculos de golfinhos podem ser retomados.

No seguimento da denúncia, o PAN também se insurgiu contra a alegada situação e questionou o Governo acerca das condições dos golfinhos no Zoo, em Agosto de 2021, bem como sobre os despedimentos dos funcionários do Jardim Zoológico, que podiam colocar em causa o tratamento dos animais.

Para o partido liderado por Inês de Sousa Real, “é imperativo garantir-lhes [aos golfinhos] as condições para que a sua vida em cativeiro lhes cause os menores danos possíveis, inclusive quando se torna necessário proceder a obras no seu espaço habitual”, afirmou numa nota publicada no seu site.

Também a Câmara Municipal de Lisboa e o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas foram contactados pelo Empty the Tanks para responderem face ao “confinamento” dos golfinhos, mas não prestaram ainda esclarecimentos.

Texto editado por Ana Fernandes

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