Morreu de complicações associadas à covid a republicana Kelly Canon, antivacinas e apoiante do QAnon

Estava internada há várias semanas com pneumonia, na sequência de uma infecção pelo vírus SARS-CoV-2. A norte-americana participou recentemente num encontro do grupo de extrema-direita QAnon.

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Foi o Partido Republicano de Arlington a dar a notícia da morte da activista FACEBOOK/State Representative Tony Tinderholt

A norte-americana Kelly Canon, membro do Partido Republicano, morreu, na segunda-feira, vítima de complicações associadas à covid-19. A activista de Arlington, no Texas, era uma voz activa do movimento contra as vacinas da covid-19 nos EUA. Há pouco mais de um mês, participou num encontro do grupo de extrema-direita QAnon, que promove teorias da conspiração em torno da pandemia e da vacinação.

Foi o Partido Republicano de Arlington a dar a notícia da morte da activista, através do Facebook. “A nossa querida amiga Kelly Canon perdeu a batalha contra a pneumonia hoje [segunda-feira]. Estará para sempre nos nossos corações como a uma amiga querida e leal e uma patriota”, escreveu. “Partiu cedo demais. Vamos juntar a sua família às nossas orações.”

Kelly Canon era uma mulher religiosa e foi esse o motivo que alegou para não ser vacinada. Em Novembro, viu aprovado um requerimento que fez ao seu empregador para não ser inoculada por motivos religiosos. Participou num encontro contra a vacinação, organizado por uma associação cristã de Burleson, e partilhou a experiência na sua página de Facebook, entretanto desactivada.

Era também membro do grupo de extrema-direita QAnon e, no início de Dezembro, terá estado presente numa conferência sobre teorias da conspiração sobre a covid-19, segundo a própria partilhou na rede social Twitter ─ uma publicação apagada da sua conta, que permanece, por enquanto, activa.

A republicana estava internada há quase duas semanas com pneumonia, na sequência de uma infecção do vírus SARS-CoV-2. Nas redes sociais, são vários os amigos que lamentam a partida de Kelly Canon, elogiando o seu “trabalho diário para defender a liberdade”. “É assim que me lembrarei dela: como uma apaixonada defensora que lutava pelas causas em que acreditava”, escreveu o também membro do Partido Republicano Matt Krause.

Entretanto, a família já respondeu à avalanche de reacções nas redes sociais e na comunicação social. “Depois de muito pensar, rezar e considerar, decidimos que não iremos ter um velório aberto ao público ou por convite para honrar a memória da nossa irmã muito querida Kelly Canon. Decidimos honrá-la num evento familiar, numa data futura e localização não reveladas”, informou a irmã Kimmy James. No mesmo comunicado publicado no Facebook, lamentou a forma como a republicana tem sido retratada ao longo dos últimos dias e justifica ser esse o motivo por que o velório será privado. “Esperamos que ela seja lembrada por aqueles grupos em que esteve activa”, conclui, fazendo menção ao QAnon.

Segundo dados da plataforma Our World in Data, reunidos pelo PÚBLICO, os Estados Unidos, a 10 de Janeiro, tinham 156,67 doses administradas por cada 100 habitantes. Em comparação, a 9 de Janeiro, Portugal tinha 195,44 doses administradas pelo mesmo número de habitantes. Observando apenas a primeira fase de vacinação (com uma ou duas doses), já foram administradas 19.872.031 doses da vacina contra a covid-19 em Portugal.

Segundo os últimos dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde, pela Secretaria Regional da Saúde e Desporto dos Açores e pela Secretaria Regional da Saúde e Protecção Civil da Madeira, 89,86% dos portugueses já estão completamente vacinados contra a covid-19. Já nos Estados Unidos, segundo os últimos dados partilhados pela rádio pública, estão inoculados 62,5% dos norte-americanos.

Excluindo a dose de reforço, Portugal é o 15.º país com a maior taxa de doses administradas por 100 habitantes do mundo. No início deste mês, o secretário de Estado adjunto e da Saúde, Lacerda Sales, salientava que existe “uma maioria grande” de doentes não vacinados ou com o esquema vacinal incompleto, nas unidades de cuidados intensivos. O último boletim da Direcção-Geral da Saúde (DGS), relativo a segunda-feira, 10 de Janeiro, dava conta de 1564 pacientes hospitalizados com covid-19.

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