Morreu o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, aos 65 anos

David Sassoli estava internado há mais de duas semanas num hospital em Itália, devido a uma disfunção do sistema imunitário.

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David Sassoli foi eleito presidente do Parlamento Europeu em 2019 EPA/JULIEN WARNAND / POOL
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Com Ursula von der Leyen Reuters/Vincent Kessler
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Sassoli era licenciado em Ciência Política pela Universidade de Florença, cidade de onde era natural Reuters/Henry Nicholls

O presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, morreu esta terça-feira aos 65 anos, após mais de duas semanas internado num hospital em Itália, devido a uma disfunção do sistema imunitário, disse o seu porta-voz, Roberto Cuillo.

É o primeiro alto responsável europeu a morrer no cargo, nota o diário espanhol El País. A presidente das Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lamentou a morte de “um grande europeu e orgulhoso italiano”.

“O presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, morreu à 1h15 [00h15 em Lisboa] do dia 11 de Janeiro no Hospital de Aviano, Itália, onde se encontrava hospitalizado. A data e o local do funeral serão comunicados nas próximas horas”, escreveu Cuillo na sua conta na rede social Twitter.

David Sassoli estava hospitalizado, desde 26 de Dezembro, com “complicações graves” devido a uma “disfunção do sistema imunitário”.

Sassoli contraiu pneumonia em Setembro de 2021, que o obrigou a receber tratamento hospitalar em Estrasburgo, França. Embora tenha recebido alta uma semana depois, prosseguiu a recuperação em Itália e esteve mais de dois meses ausente das sessões plenárias do Parlamento, regressando no final do ano.

Na sua última declaração pública, partilhada nas redes sociais três dias antes de ser hospitalizado, lamentou a construção dos muros que “bloqueiam as pessoas à procura de refúgio”, uma referência à situação dos refugiados na fronteira da Polónia com a Bielorrússia.

Na próxima semana, na primeira sessão plenária do ano, o Parlamento Europeu deverá eleger um presidente da assembleia, algo que já estava previsto, e não relacionado com o estado de saúde de Sassoli. A maltesa Roberta Metsola, do Partido Popular Europeu (PEE), é a favorita para suceder ao dirigente socialista italiano.

Sassoli foi um dos jornalistas mais reconhecidos em Itália, carreira que deixou para integrar o Partido Democrático, pelo qual foi eleito eurodeputado em 2009 e presidente do Parlamento Europeu em 2019.

Um jornalista transformado em político

David-Maria Sassoli nasceu em Florença, Itália, a 30 de Maio de 1956. Licenciou-se em Ciência Política pela Universidade de Florença. Enveredou pelo jornalismo em 1986, quando começou a trabalhar em jornais e agências noticiosas locais até chegar ao jornal nacional Il Giorno, em Roma.

Em 1992, passou para a estação de televisão pública italiana, a Rai, onde se iniciou como repórter e correspondente do TG3 (um dos canais do grupo). Posteriormente, trabalhou em programas noticiosos na Rai Uno e Rai Due, antes de se juntar à redacção do TG1 em 1996 como correspondente especial.

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REUTERS/FRANCOIS LENOIR

Durante os dez anos seguintes, foi responsável pela gestão das emissões noticiosas em horário nobre e pela cobertura dos principais eventos nacionais e internacionais. Em 2007, tornou-se director adjunto do TG1.

Em 2009, Sassoli deixou a carreira jornalística e filiou-se no Partido Democrático italiano, de centro-esquerda, fundado dois anos antes. Concorreu nesse ano às eleições ao Parlamento Europeu pelo círculo da Itália Central e foi eleito eurodeputado, conseguindo 412.500 votos, um recorde no país. Assumiu também funções de líder da bancada parlamentar do Partido Democrático italiano entre 2009 e 2014.

Em Outubro de 2012, Sassoli concorreu às primárias do Partido Democrático italiano para ser o candidato do partido a presidente da Câmara de Roma nas eleições municipais de 2013, mas não conseguiu ir além do segundo lugar.

Já nas eleições europeias de 2014, quando o Partido Democrático foi o mais votado em Itália, David Sassoli foi reeleito eurodeputado. Ainda nesse ano, o responsável chegou a vice-presidente da assembleia europeia.

Mais recentemente, nas eleições europeias de 2019, foi reeleito eurodeputado em Maio desse ano e acabou ainda por ser o candidato dos socialistas para presidente do Parlamento. Conseguiu a liderança da instituição em Julho de 2019, sucedendo no lugar ao também italiano Antonio Tajani.

Foi o sétimo italiano a presidir ao Parlamento Europeu, num mandato que deveria terminar este mês. Distinguia-se de alguns responsáveis europeus que em público falavam inglês ou francês, por preferir falar italiano.

Era casado e tinha dois filhos.

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