Van Dunem suspende os sete militares da GNR suspeitos de agredir imigrantes em Odemira

Suspensão preventiva de 90 dias foi aplicada a sete homens, envolvidos nas agressões, maus tratos e sequestro de imigrantes em Vila Nova de Milfontes, no concelho de Odemira.

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As agressões visaram imigrantes oriundos do Bangladesh, Nepal e Paquistão José Fernandes

A ministra da Justiça e da Administração Interna, Francisca van Dunem, suspendeu preventivamente de funções os sete militares da GNR envolvidos nas agressões, maus tratos e sequestro de imigrantes em Vila Nova de Milfontes, no concelho de Odemira. A suspensão durará 90 dias prorrogáveis.

Inicialmente, foi avançado que apenas cinco dos sete militares tinham sido suspensos, mas já era expectável que os outros dois militares também fossem suspensos. Segundo confirmou o PÚBLICO junto de fonte do Ministério da Administração Interna (MAI), a ministra aplicou, na tarde desta sexta-feira, a mesma medida cautelar aos outros dois militares.

O caso remonta a 2019, altura em que a Polícia Judiciária apreendeu os telemóveis de cinco militares suspeitos de maus-tratos a outros imigrantes, no concelho de Odemira. Nos aparelhos foram encontrados vídeos e imagens que deram origem a este novo processo. Três dos sete militares do destacamento territorial de Odemira acusados são considerados reincidentes, uma vez que já tinham sido condenados por agressões a migrantes no primeiro caso.

Num dos vídeos descobertos e divulgados no mês passado pela CNN Portugal, uma das vítimas é obrigada a inalar gás pimenta através do tubo de medição da taxa de alcoolemia. Em sofrimento, o homem pede água aos miliares, que se riem e respondem: “É gás pimenta, ó animal. Filho de uma grande puta! Animal.”

As vítimas são oriundas do Bangladesh, Nepal e Paquistão, e trabalhavam nas estufas em Odemira. Os militares emboscariam estas pessoas com recurso a falsas operações de fiscalização de trânsito.

Algumas das imagens mostram que, já no posto da GNR, eram submetidos a mais violência. Agachados, eram atingidos nas mãos com uma régua. Depois da agressão, seriam instruídos pelos agentes a agradecer em inglês.

No crime de sequestro de que os militares estão acusados, uma das vítimas terá sido algemada atrás das costas e posteriormente sentada contra a sua vontade na parte de trás do carro-patrulha.

Além de um processo-crime, estes agentes da autoridade viram recair sobre si processos disciplinares abertos pela Inspecção-Geral da Administração Interna, que foi a entidade que recomendou à ministra a suspensão dos arguidos.

Notícia actualizada às 18h35 do dia 7 de Janeiro com a informação que todos os sete (e não apenas cinco) militares foram suspensos

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