Actividade económica trava no final do ano

Restrições impostas durante o Natal e a passagem do ano levaram, de acordo com os dados publicados pelo Banco de Portugal, a uma actividade económica inferior à registada nos mesmos períodos de 2019 e 2020, atrasando o regresso aos níveis anteriores à pandemia.

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Adriano Miranda

As medidas de contenção aplicadas pelo Governo nas semanas do Natal e da passagem para o novo ano tiveram, sem surpresas, um impacto negativo na evolução da actividade económica.

De acordo com os dados do indicador diário de actividade económica calculado pelo Banco de Portugal, registou-se, na semana centrada no passado dia 30 de Dezembro, uma quebra na actividade em Portugal de 7,4% face ao mesmo período do ano anterior e de 10,9% face ao mesmo período de há dois anos, antes da pandemia.

Estes são os resultados mais negativos registados na economia portuguesa desde o primeiro trimestre do ano passado, numa altura em que a economia portuguesa se contraiu fortemente devido às medidas de confinamento impostas para controlar a terceira vaga da pandemia.

Olhando para os valores diários deste indicador, as quebras mais acentuadas da actividade face ao que tinha acontecido há um e dois anos aconteceram precisamente no dia 25 de Dezembro e 1 de Janeiro, o que parece confirmar o impacto gerado pelas restrições às actividades, por exemplo com a obrigatoriedade de apresentação de teste negativo para frequentar restaurantes, aplicadas pelo Executivo.

Na semana anterior, centrada no dia 23 de Dezembro, a variação média do indicador diário de actividade económica era de -1,7% quando comparada com o mesmo período do ano anterior e de -3,2% face há dois anos. Já na semana centrada em 17 de Dezembro, ainda antes do Natal, a variação era positiva, de 0,1%, face ao ano anterior e de -3,2% face há dois anos.

Este indicador calculado pelo Banco de Portugal tenta, usando dados como os das compras com multibanco ou os transportes de mercadorias, estimar quase em tempo real a evolução da actividade económica em Portugal, antecipando, por exemplo, a tendência que virá a ser revelada mais tarde pelos dados do PIB publicados pelo INE.

No quarto trimestre do ano, este indicador apresentou uma variação média face ao mesmo período do ano anterior, antes da pandemia, de 1,9%, um resultado que aponta para um abrandamento face aos 4,2% registados no terceiro trimestre do ano e que correspondem exactamente à variação homóloga do PIB estimada pelo INE para esse período.

Os números agora conhecidos para o final do ano mostram um acentuar desta tendência de abrandamento. A dimensão do contratempo para os objectivos de regresso da economia aos níveis registados antes da pandemia dependerá agora da forma como a economia reagir nas primeiras semanas deste ano.

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