“A autocracia é tão possível nos Estados Unidos como em qualquer outro lugar”

Um ano depois da invasão do Capitólio, o PÚBLICO falou com Sarah Kendzior, a jornalista, antropóloga e académica norte-americana que ficou conhecida por ter avisado, em 2015, que Donald Trump ia tentar governar como um autocrata. Kendzior, que estudou a autocracia nos países da antiga União Soviética, diz que a Administração Biden “abandonou o povo americano” e considera que uma das maiores ameaças à democracia nos EUA é a ausência de punição para Trump e para o seu círculo mais próximo.

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Apoiantes de Donald Trump durate a invasão do Capitólio, a 6 de Janeiro de 2021 Reuters/Shannon Stapleton

Sarah Kendzior surgiu nos radares da revista Foreign Policy em 2013, apresentada como uma das personalidades a seguir na área dos assuntos internacionais, elogiada pelo seu estilo “muitas vezes combativo, mas sempre profundo” sobre a Ásia Central. Doutorada em Antropologia, e com vasto trabalho académico sobre cleptocracia e uso da propaganda nas redes sociais no Uzbequistão e noutros países da antiga União Soviética, saltou para a primeira linha do comentário político nos EUA em 2016, na sequência da surpreendente eleição de Donald Trump. Desde 2015, Kendzior vinha anunciando a vitória de Trump — e alertava que, uma vez na Casa Branca, o magnata do imobiliário iria tentar governar como um autocrata. Autora de livros sobre a desconexão entre as costas dos EUA e os estados mais deprimidos, e sobre a ascensão do “trumpismo”, Kendzior testemunhou o colapso financeiro global de 2008 numa das cidades norte-americanas mais perigosas, St. Louis, no estado do Missouri — e afirma que o Partido Democrata está novamente a passar ao lado de um descontentamento no seu eleitorado, com consequências imprevisíveis para a democracia norte-americana.

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