Kaczynski diz que Alemanha quer transformar a UE num “IV Reich”

Líder do partido no poder na Polónia ressalvou que o termo IV Reich, que usou numa entrevista a um jornal de extrema-direita, “não tem nada de negativo”.

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Jaroslaw Kaczynski ataca a Alemanha pela sua defesa das regras do Estado de direito na Europa Radek Pietruszka/Reuters

É mais um episódio na tensão entre a Alemanha e a Polónia pela insistência de Berlim e da União Europeia que Varsóvia respeite as regras do Estado de direito: o líder do partido do Governo na Polónia, Jaroslaw Kaczynski, disse que a Alemanha está a tentar transformar a União Europeia num “IV Reich alemão” federal.

As declarações de Kaczynski foram feitas ao jornal de extrema-direita GPC e citadas pela agência noticiosa AFP. “Se nós, polacos, concordássemos com este tipo de submissão moderna seríamos rebaixados de modos diferentes”, disse Kaczynski, que é também um dos vice-primeiros-ministros do Governo. Não só a Polónia, mas outros países, “não estão muito entusiasmados com a hipótese de um IV Reich alemão ser construído na base da UE”.

O responsável político polaco disse ainda que a expressão “IV Reich alemão” não tem “nada de negativo”, já que não se trata de uma referência ao III Reich, mas sim ao primeiro, o Sacro Império Romano-Germânico​.

A Polónia foi o destino de uma das primeiras viagens do chanceler alemão, Olaf Scholz, que visitou Varsóvia para sublinhar o apoio alemão face às acções da Bielorrússia que a UE considera “guerra híbrida”, mas também para dizer que espera “uma solução boa e pragmática” em discussões entre a Comissão Europeia e a Polónia em relação ao Estado de direito.

Já o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, disse que o apoio alemão ao federalismo europeu irá resultar num “federalismo burocrático –​ utópico e por isso perigoso”.

A União Europeia anunciou esta quarta-feira um novo processo de infracção contra a Polónia, dando dois meses a Varsóvia para responder às preocupações levantadas pelo desafio da primazia do direito da União Europeia sobre o nacional. Em Outubro, o Tribunal Constitucional polaco declarou que as leis da União Europeia têm de se submeter ao direito constitucional do país. A Comissão Europeia reagiu de imediato, pela voz da presidente, Ursula von der Leyen, avisando que os Tratados da União Europeia “são muito claros” relativamente à primazia do direito comunitário e garantiu que Bruxelas usaria “todos os poderes” para garantir o seu respeito na Polónia.

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