O ano da máscara, por Noiserv

A convite do PÚBLICO, David Santos, mais conhecido por Noiserv, cedeu a canção Sete para servir de banda-sonora a um vídeo que passa em retrospectiva este “ano da máscara”. Partilha agora um testemunho do que foi 2021 para um músico, num mundo fechado. “É importante perceber que todos somos do mesmo lugar, e que é aí que todos devemos conseguir viver e deixar viver os outros.”

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2021. Meio ano de máscara na cara e outro meio de cara na máscara.

O ano passou para todos. É daquelas certezas que cada vez me parecem mais certas, o tempo passa, sempre, mesmo que demore algum tempo a fazê-lo.

Meio ano de cara na máscara e outro meio de máscara na cara.

Enquanto músico, foi mais um ano estranho, voltar a aceitar a inevitabilidade de algo maior que nós próprios, lidar com o medo dos outros, respeitar o nosso próprio medo, e não ter vergonha de ter medo.

É mais um ano a acreditar que vivemos momentos de excepção, esperando sempre que o normal não se torne antigo demais para que nos possamos esquecer dele.

Meio ano de máscara na cara e outro meio de cara na máscara.

No mundo, além das boas, poucas coisas abrandaram, e o privilégio de respirar, num lugar onde nem tudo corre mal, é cada vez mais estranho. É importante perceber que todos somos do mesmo lugar, e que é aí que todos devemos conseguir viver e deixar viver os outros.

Sobre tudo o resto: se um dia me voltares a ver os dentes, pode ser que tenha comido pizza de espinafres.

2022.

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