Farmácias vão poder alargar o horário para agendarem mais testes gratuitos

Coordenador da task force da estratégia de testagem enfatiza que testes “não curam nem são uma vacina”.

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Paulo Pimenta

A mensagem tem sido: testar, testar, testar. E a população está a aderir de tal forma que nos últimos dias os autotestes esgotaram em muitos sítios e se tornou extremamente difícil conseguir vagas para fazer testes rápidos de antigénio de uso profissional gratuitos em muitas farmácias.

Após uma reunião com as associações representativas do sector para analisar a disponibilidade de testes covid-19 no mercado nacional, esta segunda-feira, o Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde) autorizou as farmácias que realizam estes testes comparticipados a alargar o horário para que possam agendar mais vagas. E confirmou, em comunicado, que há stock dos “vários tipos de testes disponíveis no mercado”.

Em simultâneo, a lista de farmácias e também de laboratórios que fazem testes de antigénio gratuitos aumentou. Passou a incluir esta segunda-feira 1040 farmácias e 454 laboratórios e postos de colheita de Norte a Sul do país, mais cerca de uma centena do que no dia anterior.

À saída da reunião no Infarmed, as presidentes das duas associações que representam as farmácias estavam convencidas que de que não faltarão testes porque o abastecimento vai ser reforçado esta semana. “As farmácias não estão em ruptura de stock, têm tido testes, se bem que possa haver momentos em que não os disponibilizam enquanto aguardam reabastecimento. E estamos à espera de entregas nos próximos dias”, explicou Ema Paulino, presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF).

A presidente da ANF já tinha adiantado que, além das farmácias que constam da lista no site do Infarmed, há mais cerca de duas centenas que disponibilizam testes rápidos de uso profissional comparticipados, através de protocolos com vários municípios e as regiões autónomas, e que a expectativa é que durante esta semana outras adiram ao protocolo com o Serviço Nacional de Saúde, prevendo que seja possível chegar às “1400 a 1450” em todo o país.

Também convencida de que “não haverá falta de testes”, a presidente da Associação de Farmácias de Portugal (AFP), Manuela Pacheco, disse que “a flexibilização dos horários” vai “facilitar os agendamentos”, o que “será uma grande ajuda”. No início de Dezembro “passaram a exigir testes para tudo e mais alguma coisa e houve falta porque o mercado estava mal abastecido e a procura foi excessiva, mas a situação já está a mudar”, assegurou.

“O problema é que, até há dois meses, a situação era muito boa, pacífica, e, portanto, houve um relaxar. A testagem já não era assim tão importante, a situação parecia controlada. Só que as grandes empresas, as farmácias e os laboratórios deixaram de investir no armazenamento destes testes, até porque estes têm prazos de validade relativamente curtos”, explicou ao PÚBLICO o coordenador da task force da estratégia de testagem, Fernando Almeida.

Uma situação que “nos faz lembrar o ano passado, quando faltaram máscaras e zaragatas”, recorda o também presidente do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa), sublinhando que Portugal está a bater sucessivos recordes de testes - na sexta-feira fizeram-se 227 mil -, mas o que é mais importante é “bater o recorde da acessibilidade”. “Não são só as farmácias que fazem testes comparticipados. Estamos a fazer um grande investimento na disponibilização de centros de testagem, com as autarquias, laboratórios, postos de colheita que estão a aderir em força, tal como as farmácias”, acrescentou.

“A mensagem que gostaria que também passasse é: os testes não curam nem são uma vacina”, diz, lembrando que as pessoas “não podem abdicar das outras medidas recomendadas, como evitarem festas com muitas pessoas, grandes almoços e jantaradas, desinfectarem as mãos, usarem máscara, respeitarem o distanciamento físico”.

Na semana passada a ministra da Saúde e o secretário de Estado Adjunto e da Saúde adiantaram que está a ser estudada a hipótese de aumento dos testes rápidos de antigénio de uso profissional comparticipados pelo Estado – que neste momento estão limitados a quatro por mês. Mas ainda não foi anunciada qualquer decisão neste sentido.

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