Vhils e obras da colecção Antoine de Galbert na programação do MAAT para 2022

O Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia anunciou esta sexta-feira a sua próxima temporada, já desnehada pelo novo director artístico, João Pinharanda.

Foto
Nuno Ferreira Santos

Uma exposição com registos em vídeo do quotidiano de nove cidades, criados por Vhils, e duas exposições desenhadas a partir da colecção Antoine de Galbert fazem parte da nova temporada do Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia (MAAT), em Lisboa.

As novas exposições são apresentadas a partir de Março, com as obras de Vhils e da colecção Antoine de Galbert a ocuparem, durante seis meses, o MAAT e a Central Tejo, dando início a uma temporada já desenhada pelo novo director artístico, o curador João Pinharanda.

Uma exposição dedicada aos 30 anos de trabalho do artista luso-francês Didier Fiúza Faustino, outra com artistas de múltiplas disciplinas, em particular de “street art”, uma recriação do Painel do Mercado do Povo, que evoca a Revolução de Abril, uma mostra integrada na sexta edição da Trienal de Arquitectura de Lisboa, individuais de Nuno Cera e Ana Cardoso, e ainda a colectiva do Prémio EDP Novos Artistas 2022 completam a programação da temporada.

No início de Novembro, a Fundação EDP, que tutela o MAAT, em conjunto com a Central Tejo, anunciou que o curador e crítico de arte João Pinharanda seria o novo director artístico, sucedendo a Beatrice Leanza, que cessa funções no final do ano, deixando ainda patente, até ao final de Fevereiro, uma das suas escolhas: a exposição monográfica DIA, de Carsten Höller, que reúne uma vasta série de obras que produzem luz e escuridão.

Poucos dias antes de ser anunciado o nome de João Pinharanda para o cargo, a Fundação EDP e a Fundação de Serralves, no Porto, divulgaram um memorando de entendimento que estabelece “uma parceria de longo prazo” para o “campus” cultural da Fundação EDP em Lisboa, que passa a ser gerido por Serralves.

A nova programação agora anunciada trará, em Março, uma mostra de Alexandre Farto, mais conhecido por Vhils, intitulada Cityscape, instalada na sala oval do MAAT, com um conjunto de registos em vídeo do quotidiano de nove cidades, filmados em slow motion e apresentados em ecrãs que se constituem como um “labirinto urbano, proporcionando uma experiência imersiva”, segundo o museu, que já adiantou sete dos locais escolhidos pelo artista: Hong Kong, Lisboa, Los Angeles, Macau, Cidade do México, Paris e Xangai

No mesmo mês inauguram-se, na Central Tejo, duas exposições com obras da colecção Antoine de Galbert, o criador da fundação La Maison Rouge. A primeira, Traverser la Nuit, apresentará um núcleo de mais de uma centena de obras de artistas portugueses e estrangeiros – em escultura, pintura, fotografia, instalação e vídeo –, nomeadamente Robert Breer, Christian Boltanski, Annette Messager, Lucio Fontana, Miriam Cahn, Stéphane Thidet, Hans Georgi, John Isaacs, Eugene Smith, Muholi Zanele, Hans Peter Feldmen e Roman Opalka.

Retratos de artista

A segunda, Retratos de Artista, com curadoria de Noëlig Le Roux, centra-se no importante núcleo de fotografia reunido pelo coleccionador francês e é uma selecção de 60 retratos de artistas como Marina Abramovic, Jorge Molder, Patti Smith, Francesca Woodman, Olivier Blanckart, Annie Leibovitz, Arnulf Rainer ou Man Ray. Esta exposição está integrada na programação oficial da Temporada Cruzada França Portugal 2022.

O artista luso-francês Didier Fiúza Faustino irá apresentar na Galeria Oval e Project Room do MAAT, em Outubro, Border-line (s), primeira exposição institucional dedicada à obra deste artista que conta já com 30 anos de trabalho nas áreas das artes visuais, design e arquitectura, entre outras. Com curadoria de Pelin Tan, Border-line(s) apresenta duas linhas convergentes de pensamento: “a prática de Faustino como um esforço marginal para ultrapassar as fronteiras entre a produção do espaço e do corpo, e como esforço de questionar a disciplina da própria arquitectura”.

Comunidades, na galeria principal do MAAT, é outra das exposições previstas para decorrer de Março a Setembro, com curadoria de Alexandre Farto, António Brito Guterres e Carla Cardoso e a participação de artistas de múltiplas disciplinas, “protagonistas de diferentes áreas da cultura contemporânea, que desenvolvem narrativas reveladoras das várias transformações e tensões da sociedade democrática”.

Em diálogo com a Colecção de Arte da Fundação EDP, apresentam uma série de novos projectos, “com diversas narrativas constitutivas da cidade de Lisboa, desconstruindo as várias forças, histórias e corpos que compõem o seu território”, descreve um texto sobre a exposição.

No âmbito de Comunidades, no dia 10 de Junho de 2022, ano em que se assinalam 48 anos do fim da ditadura de 48 anos (1926-1974), 48 artistas do panorama actual, vindos de diferentes contextos artísticos, vão recriar o Painel do Mercado do Povo, uma intervenção mural colectiva realizada no dia 10 de Junho de 1974, promovida pelo Movimento Democrático dos Artistas Plásticos.

Participaram neste painel artistas como Júlio Pomar, Menez, João Abel Manta, Ângelo de Sousa ou Helena Almeida, mas a obra viria a ser destruída por um incêndio em 1981. Este projecto no MAAT pretende inserir-se nas Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, que se iniciam em 2022.

Earth Bits II. Visual Natures: The Politics and Culture of Environmentalism in the XX and XXI Centuries, que abre também em Março, e ficará até Junho na sala Project Room, resulta da continuação da pesquisa iniciada este ano com Earth Bits Sentir o Planeta.

Em Visual Natures será apresentada “uma visão das conquistas e fracassos da humanidade na sua resposta ao caos climático imposto à Terra”. A exposição inclui dois elementos inter-relacionados: um mapeamento interdisciplinar e histórico sobre ambiente e energia, e o seu impacto na produção artística, e nos movimentos políticos e culturais; e ainda uma Biblioteca do Clima (Climate Library).

Retroactivar. Trienal de Arquitectura de Lisboa, com curadoria de Loreta Castro Reguera e Jose Pablo Ambrosi, é inaugurada em Setembro, na Central Tejo, integrada na 6.ª edição da Trienal de Arquitectura, que tem a Terra como tema. Uma mostra que “pretende despertar o interesse dos projectistas pela cidade desfeita, pelas possibilidades de nela intervirem com projectos que resgatem a dignidade espacial e o sentido de pertença, estruturando necessidades e serviços básicos através da criação de equipamentos públicos”. A exposição irá identificar alguns problemas específicos de cidades como a Cidade do México, Nova Deli, Lagos ou o Cairo, e identificar equipas e soluções propostas. Na Praça do Carvão, será construída uma estrutura com materiais sustentáveis, que servirá de palco a debates e apresentações em torno deste programa.

Ainda em Setembro será inaugurada a exposição Site, de Nuno Cera, na Central Tejo, que reúne um conjunto de 11 fotografias do artista realizadas durante a construção da recente Sede da EDP, na Avenida 24 de Julho, em Lisboa, desenhada pelo atelier Aires Mateus Arquitectos. E a artista Ana Cardoso, que nasceu em 1978, em Lisboa, e tem vivido nos Estados Unidos onde desenvolve um trabalho que explora as possibilidades da pintura como linguagem , apresentará no mesmo mês um conjunto de trabalhos desarticulados das tradicionais formas do suporte pictórico, adicionando uma investigação de técnicas de tecelagem em contacto com artesãos e processos de fabrico artesanais. Ana Cardoso foi finalista do Prémio Novos Artistas Fundação EDP 2017 e esta exposição insere-se no referido apoio à criação actual.

Será ainda apresentada a Exposição do Prémio Novos Artistas 2022, com curadoria de Luís Silva, Luísa Santos e Sara Antónia Matos, com os trabalhos dos finalistas da 14.ª edição da iniciativa, seleccionados no âmbito de um processo de candidatura que decorre até Janeiro de 2022. O artista vencedor receberá um prémio de 20 mil euros.

Sugerir correcção
Comentar