Casas arrendadas já representam mais de um quinto dos alojamentos familiares

Há cerca de quatro milhões de alojamentos familiares clássicos de residência habitual em Portugal, dos quais perto de 923 mil são arrendados ou subarrendados. Em dez anos, o número de casas arrendadas aumentou 16%.

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Cada vez mais pessoas vivem sozinhas Nuno Ferreira Santos

Portugal continua a ser um país onde a compra de casa supera largamente o arrendamento, mas o cenário está a mudar. Na última década, o número de alojamentos familiares arrendados aumentou 16% e, hoje, as casas arrendadas já representam mais de um quinto do parque habitacional total.

Os dados, relativos aos resultados provisórios dos Censos 2021, foram divulgados esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que dá conta de que, no momento do recenseamento, realizado entre Abril e Junho deste ano, existiam 3.573.416 edifícios, mais 0,8% do que há dez anos, e 5.981.485 alojamentos, um aumento de 1,7% em relação a 2011. Estes números revelam uma clara desaceleração do crescimento do parque habitacional na última década. Entre 2001 e 2011, recorda o INE, o número de edifícios aumentou 12% e o número de alojamentos cresceu 16%.

Do total de alojamentos, a larga maioria (cerca de 5,97 milhões) diz respeito a alojamentos familiares clássicos e, entre estes, ​existiam 4.143.043 alojamentos familiares clássicos de residência habitual em Portugal. Destes, 922,9 mil eram arrendados ou subarrendados, número que representa um aumento de 16% em relação a 2011 e que corresponde a cerca de 22,3% do total de alojamentos. Em 2011, quando foram realizados os últimos censos, os arrendamentos representavam 19,7% do total de alojamentos de residência habitual.

Por seu lado, a proporção de habitação própria manteve a tendência decrescente já verificada na década anterior. Em 2021, 70% dos alojamentos de residência habitual são ocupados pelo proprietário, abaixo das taxas de 73,2% e de 75,7% verificadas em 2011 e 2001, respectivamente. Há ainda outro modelo de ocupação a ganhar relevância, ainda que de forma menos acelerada do que se verifica no arrendamento. Os alojamentos ocupados em “outra situação de ocupação” (onde se incluem, por exemplo, as cedências de habitação por empréstimo) representam agora 7,7% do total, acima da proporção de 6,8% que se registava há dez anos.

Cada vez mais pessoas vivem sozinhas

Os dados agora divulgados pelo INE revelam ainda uma diminuição da dimensão média dos agregados familiares e um crescimento significativo no número de pessoas que vivem sozinhas.

Ao todo existem 4.149.668 agregados domésticos privados em Portugal, um aumento de 2,6% em relação a 2011, com uma dimensão média de 2,5 pessoas, valor que representa uma ligeira diminuição (de 0,1) em relação à média registada há dez anos.

Tal como há uma década, a maior parte dos agregados domésticos privados (33,3%) é composta por duas pessoas. É nos extremos que se encontram as maiores alterações. Em dez anos, o número de pessoas a viver sozinhas aumentou quase 19%, o que levou os chamados “agregados unipessoais” a passarem a representar 24,8% do total, acima dos 21% que se registavam em 2011. Já os agregados com cinco ou mais pessoas reduziram-se em perto de 12% e estes passaram a representar 5,6% do total, menos um ponto percentual do que há dez anos.

Este terá sido um dos factores a contribuir para uma diminuição do número de casas disponíveis na última década. Do total de 5,97 milhões de alojamentos familiares clássicos, pouco mais de 723 mil estão vagos em 2021, o equivalente a 12,1% do total. Em 2011, existiam perto de 735 mil alojamentos vagos, o que correspondia a 12,5% do total.

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