Cientistas testam vacina contra a sida baseada na técnica de ARN-mensageiro

Resultados do estudo em ratos e macacos mostram que vacina é segura e provocou respostas imunitárias contra um vírus semelhante ao VIH. Cientistas admitem passar em breve para a vacinação de voluntários adultos saudáveis.

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Técnico de laboratório examina amostras de sangue para testar para VIH num hospital público na cidade de Valparaíso, Chile Rodrigo Garrido

Uma vacina experimental contra a sida baseada na mesma tecnologia de duas vacinas contra a covid-19, o ARN-mensageiro​​, obteve bons resultados em ratos e macacos, segundo dados de cientistas publicados esta quinta-feira na revista científica Nature Medicine.

De acordo com os cientistas do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas (NIAID, na sigla em inglês), que faz parte dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NHI), os resultados mostraram que a vacina é segura e que provocou as desejadas respostas imunitárias celulares e de anticorpos contra um vírus semelhante ao VIH.

Segundo a investigação, os macacos que receberam uma primeira vacina, seguida de inoculações de reforço, tiveram um risco 79% menor por exposição a uma infecção pelo vírus da imunodeficiência humana e símia (SHIV), comparando com outros animais não vacinados.

A investigação foi liderada por Paolo Lusso, em colaboração com outros cientistas do NIAID e investigadores de outras instituições. Anthony Fauci, director do NIAID e que tem liderado os Estados Unidos na luta contra a covid-19, disse, como co-autor do artigo, que, apesar de quase quatro décadas de esforços, uma vacina para prevenir a sida ainda não existe. “Esta vacina experimental combina várias características que podem superar as deficiências de outras vacinas experimentais contra o VIH e representa assim uma abordagem promissora”, escreveu.

A vacina experimental funciona como as de ARN-mensageiro da covid-19​. No entanto, em vez de transportar instruções de ARN para uma proteína do coronavírus, a vacina fornece instruções codificadas para fazer duas proteínas do VIH. Essas instruções são reunidas pelas células do animal inoculado para produzir partículas semelhantes ao vírus da sida, que, no entanto, não podem causar infecção ou doença por não possuírem o código genético completo do VIH.

Segundo os cientistas, a vacina foi bem tolerada, com efeitos adversos como perda temporária de apetite, e protegeu melhor os animais de contraírem a doença, ao contrário do que aconteceu no estudo com animais não vacinados. Os cientistas estão agora a aperfeiçoar o protocolo de vacinas para melhorar a eficácia, admitindo passar depois para uma fase seguinte, a de vacinação de voluntários adultos saudáveis.

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