“A minha alma ficou destroçada” e a culpa, diz testemunha, é de Ghislaine Maxwell

“Eu estava totalmente nua, ela entrou e apalpou as minhas mamas, as minhas ancas e as minhas nádegas e disse que... Eu tinha um óptimo corpo para o sr. Epstein e os seus amigos.”

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Ghislaine Maxwell, de 59 anos, é acusada de recrutar e aliciar quatro menores de idade, vítimas de abusos cometidos por Epstein, entre 1994 e 2004 Reuters/JANE ROSENBERG

Terá sido até agora o testemunho mais descritivo sobre as acções da socialite Ghislaine Maxwell, que se encontra a ser julgada por crimes de natureza sexual, incluindo tráfico de menores. Uma mulher que, na terça-feira, se apresentou como Carolyn recordou a forma como a ré a acariciou quando, aos 14 anos, fazia massagens a Jeffrey Epstein, e a maneira como tudo o que aconteceu a destruiu.

“Eu estava totalmente nua, ela entrou e apalpou as minhas mamas, as minhas ancas e as minhas nádegas e disse que... Eu tinha um óptimo corpo para o sr. Epstein e os seus amigos”, especificou Carolyn, actualmente na casa dos 30 anos.

A testemunha, a terceira mulher a ser ouvida sobre os abusos sexuais de Jeffrey Epstein, que a acusação diz terem sido realizados com a cumplicidade de Ghislaine Maxwell, continuou a recordar que, por vezes, era Ghislaine que lhe ligava para agendar uma massagem ao financeiro, momentos durante os quais o homem ​tocava nos seus seios e nádegas, masturbando-se de seguida até ejacular.

Questionada pela defesa de Maxwell sobre o facto de ter existido um incentivo financeiro para a trazer a tribunal, depois de ter chegado a um acordo civil de 3,25 milhões de dólares (quase três milhões de euros), Carolyn deixou claro, entre soluços, que o dinheiro nunca vai remediar o que aquela mulher fez”. A única coisa em que a sra. Maxwell esteve envolvida foi em acariciar o meu peito e as minhas nádegas, e por isso a minha alma ficou destroçada e o meu coração também.”

Carolyn contou que a sua mãe era consumidora de drogas e alcoólica e que o avô abusou sexualmente de si quando tinha quatro anos. No início da adolescência, Carolyn era já viciada em cocaína e abandonou a escola. Até ter sido apresentada a Epstein e a Maxwell, em 2002, por Virginia Giuffre, uma das vítimas do financeiro que mais visibilidade deu ao caso e que entrou com uma acção contra o príncipe André do Reino Unido. Foi então que a socialite lhe perguntou “se queria ganhar dinheiro”. Da primeira vez, assistiu Virginia Giuffre durante 45 minutos numa massagem ao homem, tendo depois ficado a ver Epstein a ter sexo com Giuffre. Carolyn revelou que lhe foram deixadas três notas de 100 dólares (88,37€, ao câmbio actual) num lavatório da casa de banho.

A existência de pagamento foi corroborada, na quarta-feira, pelo testemunho de um homem que se apresentou como ex-namorado de Carolyn. De acordo com Shawn, que começou a relacionar-se com Carolyn, na Florida, quando ele tinha 17 e ela 14 anos, era hábito levar de carro adolescentes, como a Carolyn, até à mansão de Palm Beach de Jeffrey Epstein. E, quando as jovens saíam, era costume trazerem na mão notas de cem dólares.

Da primeira vez que a levou, testemunhou que no carro também iam Virginia e o namorado. O relato de Shawn sobre essa primeira viagem coincidiu em grande parte com a versão de Carolyn. Depois dessa primeira viagem, Shawn disse que levava Carolyn a casa de Epstein de duas em duas semanas, e que Carolyn regressava com notas de cem dólares, dinheiro que era usado para comprarem drogas.

Numa das vezes, Shawn lembrou-se que Carolyn recebeu uma caixa de lingerie com uma morada de Nova Iorque, adiantando que, além de Carolyn e Virginia, levou outras duas raparigas, Amanda e Melissa, a casa de Epstein.

O homem deixou claro que nunca viu Ghislaine Maxwell, mas que se lembrava de Carolyn lhe falar de uma mulher chamada “Maxwell”, cujo primeiro nome não conseguia pronunciar.

Ghislaine Maxwell, de 59 anos, é acusada de recrutar e aliciar quatro raparigas menores de idade, vítimas de abusos cometidos por Epstein, entre 1994 e 2004, e enfrenta, entre outras, oito acusações de tráfico sexual. A socialite declarou-se inocente. Os seus advogados argumentam que Maxwell está a ser usada como bode expiatório desde a morte de Epstein, que se suicidou, quando estava detido por abusos sexuais, em Agosto de 2019.

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