Guterres recorda Sampaio na independência de Timor

Sessão organizada nas Nações Unidas em Nova Iorque, refere o percurso interno e internacional do antigo Presidente da República.

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Antigo Presidente foi homenageado pela ONU EPA/JOSE SENA GOULAO

O secretário-geral da ONU, António Guterres, recordou nesta segunda-feira o papel decisivo de Jorge Sampaio na independência de Timor-Leste. Num tributo das Nações Unidas, em Nova Iorque, a vida do antigo Presidente da República de Portugal foi recordada, em cerimónia organizada pela Aliança das Civilizações, de que Sampaio foi o primeiro Alto Representante, e pela missão portuguesa na ONU.

“Tive o prazer de trabalhar com ele na causa da independência de Timor-Leste”, evocou Guterres, recordando o labor conjunto do então Presidente da República e do primeiro-ministro de Portugal. “Cabe-me honrar a memória de um amigo e compatriota, com a morte de Jorge Sampaio Portugal perdeu um dos seus melhores, bem conhecido pela sua empatia”, disse António Guterres.

Era um bom homem envolvido em justas causas, era um homem íntegro, gentil, que deve merecer o respeito de todos”, continuou o secretário-geral das Nações Unidas. “Era um cidadão global”, reconheceu Guterres, recordando que, em 2015, Sampaio foi galardoado com o Prémio Nelson Mandela.

Na sessão, durante a qual foi transmitido um vídeo de sete minutos sobre a vida de Jorge Sampaio, foi destacado, não apenas o seu percurso interno, mas a intensa actividade internacional que desempenhou. Como Alto Representante da ONU contra a tuberculose, como cabeça internacional da Aliança das Civilizações, criada pelo presidente do governo espanhol, José Luís Rodriguez Zapatero, e pelo primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, à criação, em 2013, da Plataforma Global para os Estudantes Sírios para lhes permitir continuarem em Portugal os seus estudos interrompidos pela guerra civil no seu país.

“Portugal continua a apoiar a Plataforma lançada por Jorge Sampaio, apostando num mecanismo de resposta rápida em situação de emergência”, garantiu o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva. “A melhor homenagem que podemos prestar a estadistas é continuar a trabalhar na direcção que eles abriram”, acentuou o chefe da diplomacia portuguesa.

O objectivo de Lisboa é que de entre os mecanismos de cooperação e apoio humanitário disponíveis no sistema das Nações Unidas, haja um especificamente dirigido ao caso dos estudantes do Ensino Superior afectados por conflitos.

“Quero juntar-me à homenagem a Jorge Sampaio que teve uma trajectória única na defesa dos direitos humanos, uma visão humanista que em muito contribuiu para o reconhecimento internacional de Portugal”, disse, em vídeo mensagem, o antigo presidente do governo de Espanha, Rodriguez Zapatero. “Foi o primeiro Alto Representante da Aliança das Civilizações num momento internacional duro, de confronto”, recordou.

Também o primeiro-ministro turco enviou uma mensagem. “Quero apresentar as condolências à família, a Portugal e à ONU”, disse Erdogan. Referindo-se ao percurso de Jorge Sampaio, para além da Aliança das Civilizações, comentou, também, o trabalho de implementação de uma democracia pluralista.

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