Retoma nas exportações impulsionou economia no terceiro trimestre

INE confirmou hoje crescimento da economia de 2,9% durante o terceiro trimestre do ano, com a variação face ao mesmo período do ano anterior a cifrar-se em 4,2%

Foto
Face ao mesmo período do ano passado, as exportações cresceram 10,2% no terceiro trimestre Rui Gaudencio

Foi uma aceleração das exportações, a par com a manutenção de um ritmo de crescimento elevado do consumo, que permitiu que a economia portuguesa continuasse no terceiro trimestre deste ano a recuperar e a aproximar-se, embora ainda não o atingindo, do nível em que se encontrava antes da pandemia.

Os dados das contas nacionais do terceiro trimestre deste ano publicados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), confirmam uma evolução do PIB que já tinha sido estimada por esta entidade no mês passado: um crescimento em cadeia de 2,9% face ao segundo trimestre e uma variação face ao período homólogo de 4,2%.

São valores que ficam abaixo dos registados no segundo trimestre deste ano (4,4% em cadeia e 16,1% em termos homólogos), que tinha sido de forte recuperação depois da quebra do primeiro trimestre, mas, mesmo assim, representam uma manutenção da tendência de retoma da actividade, em linha com aquilo que é projectado pela generalidade dos analistas.

Os dados agora publicados pelo INE oferecem uma explicação mais detalhada sobre a forma como esse crescimento da economia aconteceu. E aquilo que se destaca, quando se olha para as variações em cadeia das principais componentes do PIB, é uma melhoria do desempenho das exportações, que no segundo trimestre tinham voltado a cair.

No terceiro trimestre, revela o INE, as exportações registaram um crescimento em cadeia de 9,6%, quando no segundo trimestre este indicador tinha diminuído 2,2%. A subida aconteceu ao nível das exportações de bens, que cresceram 3,9%, mas principalmente das exportações de serviços, que dispararam 27,7%.

A retirada das medidas de confinamento deverá ter desempenhado um papel fundamental nesta evolução muito positiva das vendas de serviços ao estrangeiro, indicador que conta com um peso significativo do sector do turismo. O crescimento de 27,7% entre o segundo e terceiro trimestre é corrigido dos efeitos de sazonalidade, pelo que revela efectivamente uma melhoria do desempenho deste sector que, no primeiro trimestre do ano e em parte do segundo trimestre, continuou a ser fortemente afectado pelas medidas de confinamento em vigor.

Face ao mesmo período do ano passado, as exportações cresceram 10,2% no terceiro trimestre.

A par desta retoma nas exportações, registou-se na economia um abrandamento do consumo privado, que no segundo trimestre do ano tinha disparado 7,5%, depois da queda de 4,3% do primeiro trimestre. Agora cresceu 1,9%, um valor mais baixo, mas que, ainda assim, constitui, em termos históricos, um registo relativamente elevado e que revela que o consumo privado continua a ser o motor mais significativo da retoma da actividade económica. Face ao mesmo período do ano passado, o consumo cresceu 4,6%.

Já no que diz ao investimento, que no auge da crise tinha sido o indicador a revelar uma maior resistência, a tendência agora é de recuo. Tal como tinha acontecido no segundo trimestre, o investimento em Portugal diminuiu no terceiro trimestre, apresentando uma taxa de variação em cadeia negativa de 1,8%. Uma das explicações está na evolução do investimento em construção que, depois de ter continuado a crescer ao longo de 2020, está agora em declínio progressivo. 

Sugerir correcção
Ler 1 comentários