Da resiliência de Temido à pieguice de Passos

O que fez a ministra da Saúde, ao afirmar que em futuros concursos seria preciso procurar médicos “mais resilientes”, foi o mesmo que fez Passos Coelho, quando chamou piegas aos portugueses.

Segundo a Ordem dos Médicos (OM), a 31/12/2019, estavam inscritos 56.200 clínicos, dos quais 22.497 laboravam no SNS (dados referentes apenas a hospitais, uma vez que eles não foram fornecidos quanto aos centros de saúde – fontes: DGS e Pordata), ou seja, 40% dos médicos trabalhavam em hospitais públicos. Do total, 41,6% tinha 56 ou mais anos de idade, o que impossibilita, legalmente, que prestem serviço de urgência. Aquando do início da vacinação contra a covid-19, a OM calculava em 6.562 os médicos que trabalhavam no sector privado ou social ou que, mesmo laborando para o SNS, não eram “dos quadros” entidades que o compõem, mas por empresas com as quais o Estado contrata serviços clínicos. No nível de entrada na carreira clínica, como assistente – que corresponde ao valor que a maioria dos clínicos aufere, segundo o SIM (Sindicato Independente dos Médicos) –, a remuneração mensal bruta oscila entre 2.754,48 euros (15,89euros/h, para 40 h: as tabelas são públicas e estão à distância de um clique) e 3.409,12 euros, em regime de exclusividade, com 42 h semanais (18,74 euros/h). Segundo a OM, “os médicos e enfermeiros do SNS fizeram 8,2 milhões de horas extras em 2021 e, neste momento, há médicos que já ultrapassaram o limite anual de horas. O aumento, em comparação com o período homólogo de 2020, é de 73%” (há números superiores que apontam para 11,5 milhões de horas nos primeiros seis meses de 2021).

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