Cerca de 60% dos jovens do interior pondera mudar-se para o litoral

O inquérito publicado pela Gerador foi feito entre Março e Abril de 2021 e baseia-se numa amostra de 1200 entrevistas representativas da população em cada região.

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Robert Bye/Unsplash

Cerca de 60% dos jovens dos 15 aos 24 anos que consideram viver no interior ouvidos num estudo da plataforma de jornalismo Gerador, divulgado esta terça-feira, 23 de Novembro, ponderam mudar-se para o litoral, sobretudo, pelas oportunidades de educação e emprego.

De todas as pessoas que responderam ao estudo, 25% disseram que vivem em territórios do interior, mas apenas 17% vivem em concelhos assim identificados pelo Programa Nacional para a Coesão Territorial, o que leva os coordenadores do estudo a concluir que “a ideia de interior pode ser mais relevante de ser entendida em função do seu significado emocional do que geográfico”.

“Pessoas que vivem em pequenas localidades com baixa densidade populacional, em concelhos situados no litoral, podem, por vezes, sentir que fazem parte do interior”, concluem.

O estudo e as suas conclusões constam do Pequeno Livro Aberto Sobre o Interior, agora publicado, que integra ainda textos da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, e do presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, além de entrevistas e uma reportagem sobre “o que define a interioridade”, de Flávia Brito e Sofia Craveiro.

O inquérito publicado pela Gerador foi feito entre Março e Abril de 2021 em conjunto com a empresa especialista em estudos de mercado Qmetrics e baseia-se numa amostra de 1200 entrevistas representativas da população em cada região.

De todas as pessoas que afirmaram viver no interior, 25% disseram considerar mudar-se para o litoral, sendo o maior peso entre os que têm entre 15 e 24 anos, onde chegam a ser 60%.

Outra das motivações apontadas para fazer esta mudança para o litoral é “uma vida cultural mais activa e mais variedade de entretenimento”, seguindo-se, entre os mais idosos, a maior proximidade a amigos e familiares.

Quanto aos que vivem no litoral e responderam ao estudo, 10% disse ter-se mudado desde o interior e 73% destes justificou a mudança com a procura de “mais oportunidades de emprego/educação”.

“Ao contrário do que se poderia esperar à partida, não existem diferenças significativas entre a satisfação com os espaços culturais por parte dos moradores que consideram residir no interior e no litoral, com cerca de 50% a afirmarem estar satisfeitos em ambas as regiões”, lê-se noutra das conclusões do estudo, em que se acrescenta que “fruto dos investimentos em equipamentos culturais por todo o país nas últimas décadas, a variável fruição cultural não parece ser discriminatória entre litoral e interior”.

Mas o estudo encontrou “uma diferença de percepção significativa” neste âmbito: “53% dos jovens entre os 25 e os 34 anos residentes no interior consideram que a cultura não está pensada para eles, enquanto apenas 37% dos jovens com a mesma idade no litoral pensam o mesmo”. O estudo aborda ainda questões como a relação da população portuguesa com os diversos meios de comunicação social ou as diferentes redes sociais.

Num texto do livro, esta “plataforma de jornalismo independente” explica que “desde o final de 2020 que o Gerador começou a olhar de forma mais estruturada para a problemática das comunidades que residem no interior do país e nas localidades de baixa densidade populacional” e que “um certo sentimento de urgência que se ia acumulando e a hipótese de um novo olhar sobre o interior precipitado pela pandemia foram os catalisadores desta nova abordagem”.

Além de “passar a ter o interior como um dos pilares fundamentais” da “estratégia editorial”, a Gerador avançou este ano com a organização do festival Visit Portugal Descobre o Teu Interior. O livro resulta desse festival e pretende ser, ao mesmo tempo, um “ensaio para o lançamento do Festival Visit Portugal Descobre o Teu Interior 2022”.

“Mas é nossa vontade publicar anualmente um livro que reúna os raciocínios, as análises e as provocações que surgem a cada temporada do festival, sempre completado por visões frescas e inovadoras que vamos descobrindo”, lê-se na introdução do livro.

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