Director do Global Times promete para breve aparição da tenista Peng Shuai

Depois de um tweet em que a atleta chinesa surge, supostamente, a desejar um bom fim-de-semana, as pressões internacionais, com EUA e ONU a exigirem medidas, motivaram uma revelação de responsável do jornal ligado ao Governo chinês.

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Desaparecimento de Peng Shuai continua a suscitar apreensão Reuters/Susana Vera

A tenista Peng Shuai “está em casa e aparecerá em público brevemente”, declarou este sábado o director de um jornal chinês ligado ao Governo, após a crescente preocupação internacional sobre o paradeiro da jogadora.

Citando as suas próprias “fontes”, Hu Xijin, director do jornal oficial Global Times, escreveu numa mensagem na rede social Twitter que Peng “ficou em casa nos últimos dias porque não queria ser incomodada".

"[A tenista] aparecerá em público brevemente e participará em algumas actividades", disse Hu, em declarações posteriores à publicação de supostas imagens da tenista divulgadas na noite de sexta-feira no Twitter - rede social proibida na China -, nas quais está rodeada de peluches e a desejar um “feliz fim-de-semana”.

Essas são as primeiras imagens da tenista desde que uma preocupação crescente tomou conta da comunidade internacional após o seu desaparecimento, há mais de duas semanas, embora seja impossível determinar quando e onde estas fotos foram tiradas.

Nas imagens, também publicadas no Twitter pelo jornalista Shen Shiwei, do canal estatal de televisão CGTN, a tenista pode ser vista rodeada de peluches e a desejar um “feliz final de semana” através da rede social Wechat.

A Associação de Ténis Feminino (WTA), que pediu “provas verificáveis” de que a jogadora está segura, ainda não comentou essas imagens.

EUA e ONU fazem perguntas

A revelação feita pelo director do Global Times surge um dia depois de os Estados Unidos e a ONU terem questionado as autoridades chinesas. A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, sublinhou a “profunda preocupação” relativamente às informações sobre este desaparecimento. "Juntamo-nos aos apelos para que as autoridades da China revelem provas independentes e comprovadas do paradeiro" da tenista.

A porta-voz do departamento de Direitos Humanos da ONU, Liz Throssell, manifestou-se igualmente alarmada, reclamando uma investigação "com total transparência" sobre as acusações de Peng.

"Seria importante ter provas do seu paradeiro, bem como uma investigação com total transparência sobre as acusações de agressão sexual”.

A ex-número um mundial em duplas está desaparecida desde 2 de Novembro, após acusar o ex-vice-primeiro-ministro chinês Zhang Gaoli de abusar sexualmente dela.

Também a Associação de Ténis Profissional (ATP), através do presidente, Andrea Gaudenzi, disse na sexta-feira que a segurança da tenista é a prioridade neste momento e que é “vital” que haja algum contacto directo com ela.

Anteriormente, a televisão CGTN enviou outra suposta declaração da tenista, na qual esta negava os abusos e garantia que estava bem.

Tanto a WTA quanto outras organizações, como a Amnistia Internacional e a ONU, questionaram a veracidade dessa declaração.

No início deste mês, Peng, de 35 anos e actual número 189 do mundo, alegou, numa publicação no seu perfil na rede social Weibo, que Zhang, de 75 anos, havia abusado sexualmente dela, numa mensagem que desapareceu da internet 20 minutos depois.

Qualquer referência à tenista ou ao caso permanece totalmente proibida nas redes sociais e nos meios de comunicação oficiais chineses. Peng liderou o ranking mundial de duplas em 2012 e venceu em Wimbledon e Roland Garros, levando-a ao auge do ténis no seu país.

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