Ceija Stojka escreveu, pintou e desenhou contra o terror do ódio

No Museu das Artes de Sintra (MU.SA) revelam-se pinturas, desenhos e palavras de Ceija Stojka, mulher cigana, austríaca e artista que sobreviveu ao genocídio perpetrado pela máquina da morte nazi. Até 2 de Janeiro, para ver e lembrar.

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Nuno Ferreira Santos

Ceija Stojka (1933-2013), austríaca de origem cigana, sobreviveu a Auschitz-Birkenau, a Ravensbrück e a Bergen-Belsen. Nestes campos chegou a descansar, sentada, entre os mortos. Era com estes que a mãe, por vezes, a deixava. Afinal, protegiam-na do frio e do vento e eram muitos. Quando os soldados ingleses chegaram e a libertaram, tinha 12 anos, não acreditaram, relata esta artista auto-didacta cujos desenhos e pinturas podemos ver no Museu das Artes de Sintra (MU.SA): “Tocavam-nos para saber se erámos reais, se estávamos vivos! Não conseguiam compreender como conseguíramos viver ali, entre os cadáveres. E como choravam e gritavam! E erámos nós que os consolávamos”.Não há consolo nas obras que o visitante pode encontrar no museu, no âmbito do programa que o LEFEST dedicou à cultura Rom. Apesar da música e da voz de Ceija Stojka — que se escutam no museu, retiradas do disco Me Diklem Suno (I had a dream), gravado com o filho — o que resta é o testemunho de uma mulher que, era ainda criança, não desapareceu no horror e no terror do genocídio cigano (conhecido como Porajamos). Ao contrário do pai e de outros familiares, vítimas do extermínio nazi, Ceija ficou no mundo para nos dizer o que viu nesse não-mundo.

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