António Costa recebido na Covilhã com vigília contra exploração de lítio na Serra da Argemela

As câmaras da Covilhã e do Fundão emitiram pareceres negativos ao longo do process, mas não tiveram resultados práticos.

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Manifestação na Covilhã LUSA/PEDRO REIS MARTINS
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Alguns manifestantes levaram os flhos LUSA/PEDRO REIS MARTINS
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Contrato de concessão foi assinado a 28 de Outubro LUSA/PEDRO REIS MARTINS

Algumas dezenas de pessoas concentraram-se no sábado, na Covilhã, numa vigília contra a exploração de lítio na Serra da Argemela, acção que decorreu junto ao Teatro Municipal da cidade, onde o primeiro-ministro marcou presença na cerimónia de inauguração.

Apesar de estar a alguns metros de distância, o grupo aproveitou o momento da chegada de António Costa para entoar palavras de ordem como a “Argemela é nossa”, mas o primeiro-ministro não deu sinais de ter ouvido.

Momentos antes, em declarações à agência Lusa, alguns manifestantes já tinham assumido não ter expectativa de chegarem à fala com António Costa, sublinhando que ainda ninguém do Governo quis ouvir as razões das populações para estarem contra a exploração mineira da Serra da Argemela, nos concelhos da Covilhã e Fundão, distrito de Castelo branco, e cujo contrato de concessão foi assinado no dia 28 de Outubro.

“Há quase cinco anos que andamos nisto. Já escrevemos, já falámos, já gritámos em manifestação. Hoje estamos aqui para ver se desta forma, um pouco mais silenciosa, ele [primeiro-ministro] até nos ouve, mas sabemos que será difícil”, apontou Gabriela Margarido, do Grupo de Preservação pela Serra da Argemela (GPSA).

Segundo esclareceu, os elementos do GPSA não fizeram diligências para ver se era possível entregar ao primeiro-ministro o respectivo memorando reivindicativo, por considerarem que os argumentos são sobejamente conhecidos.

“Não é preciso entregarmos mais nada”, sublinhou Gabriela Margarido, garantindo que toda a documentação já foi entregue às entidades competentes e que António Costa já está “ciente” de todas as questões envolvidas.

Este movimento tem alertado para o que considera serem os riscos ambientais, de saúde pública, económicos e patrimoniais que a exploração mineira pode representar e sublinha que “ainda é tempo de corrigir uma tremenda injustiça para as pessoas da região”.

“Em nome da nossa saúde, do nosso bem-estar e até dos direitos mais básicos de participação pública, este contrato deve ser anulado”, acrescentou Gabriela Margarido.

Argumentos que são repetidos na voz de outros populares que hoje marcaram presença na vigília, sendo que alguns levaram os filhos para mostrarem que a exploração mineira também pode pôr em causa o futuro dos mais novos naquele território.

 "Estamos muito preocupados. Querem destruir a nossa qualidade de vida, aquilo que temos de melhor no país e é preocupante para todos, principalmente para o futuro das nossas crianças”, referiu à agência Lusa Ana Rodrigues, que tinha junto a ela o filho de quatro anos.

Vítor Fernandes, presidente da Junta de Freguesia do Barco, frisou a sua preocupação e lembrou que a freguesia terá um “futuro sombrio”, até porque aquela localidade está a menos de um quilómetro de distância da zona de exploração.

Juntaram-se ainda à acção alguns políticos de diferentes partidos, apoio que os manifestantes agradeceram, lamentando, contudo, que os pareceres negativos que as Câmaras da Covilhã e do Fundão já emitiram ao longo do processo não tenham tido resultados práticos e que o contrato tenha sido assinado.

O processo para a concessão mineira de uma exploração de lítio e outros minerais na Serra da Argemela, nos concelhos da Covilhã e Fundão, foi iniciado em 2011.

Em 2017 foi publicado o pedido de atribuição de concessão por parte da empresa PANNN - Consultores de Geociências Lda., o qual foi renovado em 2020, visando uma área 403,7 hectares em plena Serra da Argemela e bastante próxima das freguesias.

As populações, as autarquias do Fundão e Covilhã, diferentes partidos políticos e Grupo pela Preservação da Serra da Argemela (GPSA) têm contestado o projecto, salientando os prejuízos ambientais, de saúde pública e a perda de valor patrimonial que a exploração irá provocar.

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