Finalmente livre? O fim da tutela de Britney Spears pode ser decidido nas próximas horas

A juíza pode colocar como condição que a cantora seja submetida a uma avaliação da sua saúde mental, um passo comum num processo do género, mas que Britney Spears pretendia evitar.

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Desde 2008, Britney Spears vive sob uma tutela aprovada por tribunal Reuters/SHURAN HUANG

A superestrela pop Britney Spears pode ver o seu desejo concretizado e ter a sua “vida de volta”, já esta sexta-feira, vendo-se livre da tutela que descreveu em tribunal como “estúpida” e “abusiva”, caso a juíza Brenda Penny, do Tribunal Superior do Condado de Los Angeles, delibere a seu favor, pondo um ponto final no acordo legal de há quase 14 anos.

A cantora de Piece of me, de 39 anos, implorou ao tribunal que terminasse a tutela que tem governado a sua vida pessoal e bens, actualmente estimados em 60 milhões de dólares, num arranjo estabelecido e supervisionado pelo pai da cantora, depois de a jovem, no início de 2008, ter tido um colapso, o que levou ao seu internamento compulsivo, durante o qual terá sido submetida a um tratamento para questões de saúde mental nunca reveladas.

“Esta semana vai ser muito interessante para mim!”, escreveu Britney Spears na sua conta de Instagram no início desta semana. “É tudo por que tenho rezado”, desabafou, referindo-se à possibilidade de voltar a ser dona do seu destino. 

No entanto, ainda há algo que pode adiar esse desejado resultado: a juíza pode colocar como condição que a cantora seja submetida a uma avaliação da sua saúde mental, um passo comum num processo do género, mas que Britney Spears pretendia saltar.

De qualquer das formas, haverá outros assuntos que não deverão ser esquecidos, nomeadamente a exigência do novo advogado de Britney, Mathew Rosengart, para que o pai da cantora apresente as contas do seu tempo enquanto curador. O advogado pretende ver esclarecido onde foi gasto o dinheiro ao longo dos últimos 13 anos e também que Jamie Spears responda, sob juramento, às acusações feitas num documentário sobre o facto de ter contratado uma empresa de segurança para vigiar o telefone de Britney Spears e para colocar um dispositivo de escuta no quarto da artista.

Independência de milhões

Depois de ter tido um colapso que levou a um internamento compulsivo, Britney Spears passou a viver sob uma tutela aprovada por tribunal, que o seu pai assumiu em 2008, tanto no papel de tutor — sendo responsável pela sua vida pessoal e decisões médicas (cargo que abandonou por problemas de saúde, deixando a agente Jodi Montgomery temporariamente nesse papel) — como de curador da fortuna, primeiro em conjunto com o advogado Andrew Wallet e, depois de 2019, sozinho e à frente de um património avaliado em 60 milhões de dólares (cerca de 54 milhões de euros, no câmbio da época).

Até que, no início deste ano, a estreia do documentário Framing Britney Spears, do New York Times, que a cantora condenou, veio despertar o interesse sobre o caso e dar uma nova perspectiva sobre toda a situação, levando a que o movimento viral #FreeBritney, com fãs que acreditam que a estrela estava na situação contra a sua vontade, crescesse. Isto, apesar de a cantora ter, meses antes, garantido estar bem

O caso acabou por ganhar um novo impulso depois de Britney Spears ter feito uma declaração ao tribunal: “Tenho de me livrar do meu pai e acusá-lo de abuso”, disse a cantora, dirigindo-se à juíza Brenda Penny, do Supremo Tribunal de Los Angeles. Já após esse momento, a artista informou que não voltaria a actuar enquanto o pai estivesse a gerir os seus bens. Paralelamente, o tribunal concordou que Britney Spears tinha o direito a escolher o seu próprio defensor, depois de o advogado oficioso se ter afastado. E uma das primeiras acções do causídico escolhido, Mathew Rosengart,​ passou por dar entrada a um pedido para dar como terminada a tutela a que Britney Spears está sujeita há 13 anos.

Mas, ainda antes da decisão do tribunal de afastar Jamie Spears do papel de curador, o pai veio a público manifestar que apoiava o fim da tutela. Uma inversão de posição que Rosengart argumenta poder estar relacionada com uma vontade de evitar qualquer inquérito sobre as suas acções. 

De acordo com a imprensa, o pai recebia um salário de 16 mil dólares mensais (mais de 13.800 euros) para tomar conta da fortuna da cantora. No início de Agosto, veio a público dizer que aceitava deixar o cargo de tutor da filha, exigindo uma compensação de quase dois milhões de dólares (1,75 milhões de euros, ao câmbio actual) para pagar as despesas com advogados e assessores. Na altura, Mathew Rosengart considerou que “a tentativa de Jamie Spears de regatear a sua suspensão e remoção do processo em troca de cerca de aproximadamente dois milhões de dólares em pagamentos, depois do restante dinheiro que já retirou não deve ser tida em conta”, acrescentando ainda que “Britney Spears não vai ser extorquida”.

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