Escândalo das doações: Braço direito de Carlos abandona cargo de CEO da Fundação do Príncipe

Michael Fawcett é acusado de oferecer prémios e honras a empresários em troca de avultadas doações.

Foto
Carlos chegou a considerar Fawcett como o único funcionário indispensável Oli Scarff/Pool via REUTERS

Michael Fawcett, o braço direito do príncipe Carlos há décadas, renunciou ao seu papel de dirigente de uma das principais instituições de beneficência reais britânicas, semanas depois de uma reportagem ter denunciado que o homem oferecia honras em troca de donativos. Um dos casos revelado pelo jornal Sunday Times, em Setembro, envolve um empresário saudita a quem foi atribuído um prémio depois de ter doado milhares de libras a projectos apoiados pelo herdeiro de Isabel II.

No seguimento do artigo, Michael Fawcett demitiu-se temporariamente como chefe executivo da Fundação do Príncipe, ao mesmo tempo que o Regulador Escocês da Caridade iniciou uma investigação sobre os seus acordos de financiamento.

Agora, a instituição de beneficência informou, numa declaração, que Fawcett renunciou formalmente ao cargo de director executivo. O gabinete do príncipe, Clarence House, disse que a fundação também deixará de contratar a empresa de Fawcett, a Premier Mode, que tinha organizado eventos para a instituição que custaram centenas de milhares de libras. “Michael Fawcett e a Premier Mode não nos prestarão serviços no futuro. Todos concordámos em acabar com estes acordos”, disse um porta-voz da Clarence House.

A Reuters não conseguiu entrar em contacto com Fawcett para recolher comentários, mas o jornal Daily Mail cita amigos não identificados como tendo dito que o antigo funcionário real está “destroçado” com os acontecimentos.

Michael Fawcett começou por servir num palácio britânico, mas acabaria por ascender às primeiras fileiras da família real para se tornar secretário pessoal do divertido, informal e simpático futuro rei. Os meios de comunicação britânicos há muito que exploram a relação entre os dois, inclusive pelo facto de Carlos ter chegado a considerar Fawcett como o único funcionário indispensável.

Mas esta não é a primeira vez que Fawcett vê o seu nome envolvido num escândalo. Em 2003, Fawcett demitiu-se do cargo de secretário pessoal do príncipe, na sequência de um relatório interno que criticava a gestão do gabinete do príncipe e que descrevia Fawcett como um homem impopular, que intimidava outros funcionários e que teria aceitado presentes valiosos — o documento, porém, ilibava o secretário de actividades corruptas ou impróprias. E, por isso, Michael Fawcett permaneceu dentro do círculo próximo de Carlos, passando a integrar o conselho de administração da empresa privada do príncipe.

Sugerir correcção
Comentar