Dezenas de migrantes voltam a tentar entrar na Polónia pela fronteira com a Bielorrússia

Mais de 50 pessoas foram detidas após terem entrado em território polaco, onde 15 mil soldados guardam a fronteira. Varsóvia acusa Moscovo de “orquestrar” a crise, enquanto o Kremlin culpa a UE.

Entre três mil a quatro mil migrantes encontram-se no lado bielorrusso da fronteira na esperança de entrar na Polónia, segundo estimativas do Governo polaco
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Pelo menos dois mil migrantes (o Governo polaco fala em três mil a quatro pessoas) encontram-se no lado bielorrusso da fronteira na esperança de entrar na Polónia HANDOUT/Reuters
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Pelo menos dois mil migrantes (o Governo polaco fala em três mil a quatro pessoas) encontram-se no lado bielorrusso da fronteira na esperança de entrar na Polónia HANDOUT/Reuters
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Um militar polaco observa a área junto à fronteira perto de Kuznica Bialostocka, Polónia HANDOUT/Reuters
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Militares patrulham a zona junto às vedações HANDOUT/Reuters
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Dispositivo de vigilância nocturna HANDOUT/Reuters,HANDOUT/Reuters
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HANDOUT/Reuters

Desde segunda-feira que milhares de migrantes têm chegado à fronteira da Polónia com a Bielorrússia com a intenção de entrar em solo da União Europeia. Na noite de terça-feira para quarta-feira, as tentativas repetiram-se e dezenas de migrantes tentaram atravessar para o lado polaco. Mais de 50 foram detidos, segundo as autoridades polacas.

“Não foi uma noite calma. Registaram-se muitas tentativas para atravessar a fronteira polaca”, confirmou a uma rádio polaca o ministro da Defesa, Mariusz Blaszczak. Contudo, enquanto na segunda-feira as tentativas se concentraram junto à aldeia fronteiriça de Kuznica, na última noite, registaram-se noutro ponto da fronteira.

“Nas últimas 24 horas, a polícia deteve mais de 50 pessoas perto de Bialowieza, depois de terem cruzado a fronteira ilegalmente”, disse à AFP o porta-voz da polícia regional, Tomasz Krupa. Sobre as detenções, Blaszczak sublinhou que “todos aqueles que conseguiram passar foram presos”.

A tensão escalou no início da semana após grupos de migrantes, muitos naturais do Médio Oriente e da Ásia, começarem a ser acompanhados por forças de segurança bielorrussas e tentarem forçar a sua entrada no país da UE. Pelo menos dois mil migrantes (os números do Governo polaco apontam para entre três mil e quatro mil), incluindo mulheres e crianças, estão encurralados entre os dois lados, sem acesso a condições básicas ou bens essenciais.

Face ao aumento da tensão, Varsóvia alertou para uma escalada “armada” da crise e tem vindo a intensificar o aparato militar ao longo na fronteira com a Bielorrússia. Segundo Blaszczak, já foram destacados 15 mil soldados.

O Governo polaco tem em cima da mesa outras medidas para gerir a crise, como encerrar totalmente a fronteira com a Bielorrússia e convocar uma reunião no seio da NATO, disse o porta-voz do executivo, Piotr Muller.

Não só a Polónia tem sido afectada pelo fluxo migratório, também a Lituânia e a Letónia. Aliás, à semelhança da Polónia, a Lituânia declarou o estado de emergência junto à fronteira com a Bielorrússia, tendo entrado em vigor à meia-noite.

Escalada de tom

As tensões têm escalado não só no terreno, mas também no tom das partes envolvidas. O primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, acusou o Presidente russo, Vladimir Putin, aliado de Minsk, de “orquestrar” a crise dos migrantes.

O Kremlin respondeu à acusação, considerando-a “absolutamente irresponsável e inaceitável”. Culpou ainda a UE pela crise, afirmando que o bloco não está a defender os seus próprios valores humanitários, enquanto tenta “sufocar” a Bielorrússia com planos para encerrar parte das fronteiras, disse o porta-voz Dmitry Peskov.

Numa tentativa de acalmar os ânimos, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, ligou a Putin nesta quarta-feira para lhe pedir que intervenha para tentar resolver a crise nas fronteiras bielorrussas com vários países da UE, devido à sua estreita relação com Lukashenko.

Merkel aproveitou para denunciar a “instrumentalização” “inumana e inaceitável” dos migrantes por parte do regime de Alexander Lukashenko, disse o porta-voz do Governo alemão, Steffen Seibert. Putin, por sua vez, propôs que os países afectados se mantenham em contacto directo, afirmou o Kremlin.

A chegada de migrantes em grande escala começou a registar-se a partir do Verão, depois de a UE ter imposto sanções ao regime de Minsk, na sequência da repressão contra os manifestantes que denunciaram como fraudulentas as eleições presidenciais do ano passado, quando Alexander Lukashenko consolidou o poder com mais um mandato. O regime tem sido acusado de organizar um “ataque híbrido”, ao encorajar os migrantes a entrarem na UE​, o que tem negado continuamente.

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