Startup portuguesa que luta contra o desperdício têxtil é vencedora da Web Summit

A missão da Smartex é acabar com o desperdício na indústria têxtil com câmaras que vigiam o processo de fabrico à procura de erros.

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António Rocha, co-fundador da Smartex Rui Gaudêncio
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António Rocha, co-fundador da Smartex Web Summit,Web Summit
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A ediçao de 2021 da Web Summit juntou 43 mil pessoas Reuters/PEDRO NUNES

A startup vencedora da edição de 2021 da Web Summit quer acabar com o desperdício na indústria têxtil com um sistema de câmaras, luzes e algoritmos que vigiam o processo de fabrico à procura de defeitos.

A Smartex é a primeira empresa portuguesa a ganhar o concurso anual da Web Summit desde que a cimeira de tecnologia se mudou para Lisboa, em 2016. O projecto, com sede na Califórnia, usa visão computacional e inteligência artificial para monitorizar o processo de fabricação de têxteis. “Queremos resolver um dos grandes problemas da indústria têxtil que é a produção de lixo têxtil”, justificou António Rocha, em palco. “O lixo têxtil representa 10% da produção da indústria têxtil, que é a segunda indústria mais poluente em todo o mundo”, sublinhou.

As pequenas câmaras e sensores da Smartex são instalados dentro de máquinas nas fábricas e travam o sistema quando é detectado um defeito. Apesar de o foco actual ser a indústria têxtil, António Rocha explicou que o objectivo é expandir o sistema para detectar falhas no fabrico de plásticos e papel.

A empresa, incubada no UPTEC, Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, tem escritórios no Porto, em Shenzhen (China) e em São Francisco (EUA). Nesta edição da Web Summit competia contra 75 outras startups. As outras duas finalistas do concurso eram a LiSA (sigla para Live Shopping Assistant), uma startup alemã que quer melhorar as interacções entre clientes e marcas online com compras via livestreaming; e a Okra Solar, uma startup australiana com sede no Camboja que quer resolver o problema da falta de electricidade nos países em desenvolvimento.

Embora a Smartex tenha sido a escolha do júri, a Okra Solar foi a preferida do público, com 46% dos votos da audiência (a Smartex teve 43%). A startup australiana, com sede no Camboja, desenvolveu um sistema para ligar painéis solares e baterias de modo a criar “minirredes de painéis solares” que acumulam a energia produzida em várias casas para partilhar entre si. O objectivo é resolver a falta de electricidade em zonas remotas.

“Há mais de 800 milhões de pessoas em todo o mundo que ainda não têm acesso a electricidade”, explicou o co-fundador da Okra Solar, Afnan Hannan. “Isto pode ser corrigido com um sistema de electricidade descentralizado.” Como o sistema funciona com painéis solares, a tecnologia também deve reduzir as emissões de dióxido de carbono. Os clientes são infra-estruturas da rede eléctrica que conseguem chegar a mais pessoas, de forma mais barata, com a Okra. “Queremos dar mais poder às pessoas”, sublinhou Hannan.

O facto de as duas startups favoritas da audiência se focarem num planeta mais sustentável mereceu uma nota no discurso de encerramento de Marcelo Rebelo de Sousa. O Presidente da República aproveitou a ocasião para falar da importância em trabalhar para um futuro mais sustentável. “Temos de lutar pela acção climática. Temos de lutar pela revolução digital. Depende de vocês, não é do Presidente, do primeiro-ministro, do Parlamento, são os jovens que fazem a diferença”, sublinhou o Presidente da República em palco. “A Web Summit é sobre as pessoas. Não é sobre o digital. O digital é uma ferramenta.”

Este não é o primeiro ano com uma vencedora portuguesa no concurso de startups da cimeira tecnológica. Em 2014, quando a Web Summit ainda se realizava em Dublin, na Irlanda, venceu a empresa de análise de código Codacy.

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