Mais de 40 países comprometem-se com fim do uso do carvão

Greenpeace modera o entusiasmo do Governo britânico na COP26 e o Partido Trabalhista salienta que os principais utilizadores ficaram de fora do compromisso.

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Central alimentada a carvão em Datteln, na Alemanha FRIEDEMANN VOGEL/EPA

O Governo do Reino Unido fez uma declaração triunfante e entusiástica, esta quinta-feira, ao anunciar que mais de 40 países já se comprometeram com o fim do uso do carvão nos próximos anos, afirmando que “o mundo está a caminhar na direcção certa”.

“O fim do uso do carvão está à vista”, disse o ministro da Energia britânico, Kwasi Kwarteng, à margem da cimeira do clima COP26, que está a decorrer em Glasgow, na Escócia.

“O mundo está preparado para selar o destino do uso do carvão e para aproveitar os benefícios ambientais e económicos da construção de um futuro alimentado por energia limpa.”

A mensagem de optimismo acompanhou o anúncio, do Governo britânico, de que mais de 40 países representados na COP26 já se comprometeram com processo de descarbonização das suas economias, incluindo grandes utilizadores de carvão como a Polónia, o Vietname e o Chile.

Mediante o acordo, os países em causa comprometem-se a deixar de investir na construção de novas centrais alimentadas a carvão, tanto nos seus países como no estrangeiro, e a eliminar o uso deste combustível até 2030 e 2040, consoante a riqueza de cada economia.

O ministro britânico disse também que “dezenas de empresas” assinaram a mesma declaração, com “vários bancos importantes” a comprometerem-se a deixar de financiar a indústria do carvão.

A declaração de optimismo do Governo britânico foi posta em causa pelo ministro-sombra da Energia, o trabalhista Ed Miliband, que salientou a recusa de grandes poluidores – como a China, a Austrália, os EUA e a Índia – em assinarem o compromisso.

Para além disso, Miliband chamou a atenção para o facto de não haver, até agora, nenhum compromisso específico para o fim do uso do petróleo e do gás.

O recurso ao carvão é aquilo que mais contribui para as alterações climáticas. E, apesar de ter havido progressos na redução do seu uso, ainda produz cerca de 37% da electricidade no mundo, segundo os valores de 2019.

O responsável pela delegação da organização ambientalista Grenpeace, Juan Pablo Osornio, disse que a declaração do Governo britânico sobre o compromisso assumido por mais de 40 país “ainda fica muito aquém das ambições para o fim do uso de combustíveis fósseis”.

“Apesar das manchetes optimistas, as letras pequenas [do compromisso] dão aos países uma grande margem para decidirem o seu próprio ritmo no fim do uso do carvão.”

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