Conselho de Estado sublinhou papel do BCE na “estabilidade financeira” da zona euro

Mário Centeno assistiu à reunião com Christine Lagarde na Cidadela de Cascais, onde agora o Presidente da República ouve os conselheiros sobre a dissolução da Assembleia da República.

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Christine Lagarde e Mário Centeno na reunião do Conselho de Estado @Daniel Rocha

A reunião do Conselho de Estado com a presidente do Banco Central Europeu (BCE) - a primeira desta quarta-feira e que antecedeu aquela onde será debatida a dissolução da Assembleia da República – serviu para Christine Lagarde apresentar “as perspectivas económicas e financeiras da Europa” e os seus “reflexos em Portugal”, indica a nota informativa da Presidência da República divulgada após o encontro.

“O Presidente da República convidou a Presidente do Banco Central Europeu, Senhora Christine Lagarde, para apresentar ao Conselho de Estado uma exposição introdutória sobre as perspectivas económicas e financeiras da Europa, em particular da Zona Euro, e seus reflexos em Portugal, tendo o governador do Banco de Portugal, Prof. Doutor Mário Centeno, assistido à reunião”, lê-se na nota.

Após a exposição, na qual Christine Lagarde terá repetido grande parte da intervenção que fez de manhã na sessão de aniversário do Banco de Portugal, os conselheiros do Presidente assinalaram que “o papel do Banco Central Europeu tem sido determinante na manutenção da estabilidade financeira e reforço da credibilidade na recuperação económica da área do euro”, acrescenta a curta nota presidencial.

De manhã, a presidente do BCE considerou “muito improvável” poder haver em 2022 condições para que haja um aumento das taxas de juro, pois “um aperto indevido das condições de financiamento não é desejável, num quadro em que o poder de compra já está a ser limitado pelos preços mais elevados na energia e nos combustíveis, e representaria uma dificuldade inapropriada para a retoma”.

Christine Lagarde falou do impacto da pandemia nos vários países da zona euro e da necessidade de aproveitar os programas financeiros criados na Europa para apoiar a reconstrução das economias, gerando empregos, mas também das tendências inflacionistas na zona euro.

Defendeu, por isso, a necessidade de haver prudência na retirada os estímulos financeiros às economias. “Apesar da actual subida da inflação, as perspectivas para a inflação no médio prazo permanecem moderadas “, sublinhou na sessão que decorreu no Museu do Dinheiro, em Lisboa.

Já sobre a crise energética, Lagarde não deixou transparecer quais as expectativas do BCE sobre a sua duração e eventuais medidas para a combater, mas o assunto poderá ter sido abordado sob reserva no Conselho de Estado.

Outro assunto que é previsível que tenha sido referido é a substituição em curso do governador do Bundesbank, o banco central alemão, depois da saída anunciada de Jens Weidmann, que durante mais de dez anos liderou o Bundesbank e era tido como opositor à política expansionista de Mario Draghi no BCE em resposta à crise de dívida soberana. O governador anunciou a sua demissão, por “motivos pessoais”, cinco dias depois de ter sido anunciado um acordo preliminar entre o SPD, os Verdes e o Partido Liberal Democrata com vista à formação de governo.

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