Greta Thunberg: “Às vezes é preciso irritar algumas pessoas para ter impacto” na opinião pública

Cimeira é “última esperança para mantermos a meta de 1,5º C ao alcance”, defendeu o seu presidente no arranque do encontro. “Se agirmos agora e juntos, podemos garantir que onde Paris prometeu, Glasgow cumpre.”

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Greta Thunberg na chegada à Estação Central de Glasgow para a COP26 YVES HERMAN/Reuters
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Alok Sharma, presidente da COP26, fala na cerimónia de abertura Reuters
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Delegados cumprem um minuto de silêncio pelas vítimas da covid-19 no arranque da COP26 Reuters

A 26.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26) abriu oficialmente em Glasgow, onde se espera que líderes de perto de 200 países apresentem as suas propostas actualizadas para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa até 2030. O encontro é “a última, última esperança para mantermos a meta de 1,5º C ao alcance”, afirmou o presidente da COP26, Alok Sharma, referindo-se à necessidade de limitar o aumento da temperatura a 1,5 graus, comparando com níveis pré-industriais.

Sharma exortou os dirigentes a “deixarem para trás os fantasmas do passado” e a fazerem novas promessas para reduzir as emissões. “O que sempre disse é que precisamos de sair de Glasgow e afirmar com credibilidade que mantivemos os 1,5º C vivos. Esses 1,5º C são mesmo importantes”, afirmou. Como anfitrião, cabe ao Reino Unido supervisionar as negociações e tentar obter promessas significativas dos representantes de todos os países presentes.

“Há seis anos, em Paris, acertámos os nossos objectivos comuns”, disse Sharma, na intervenção de abertura da cimeira, referindo-se ao Acordo de Paris para manter o aquecimento global abaixo de 2º C e tentar chegar aos 1,5ºC. “Acredito que podemos fazer avançar as negociações e lançar uma década de ambição e de acções cada vez maiores… Mas precisamos de ir directo ao ponto”, afirmou, aos delegados. “Se agirmos agora e juntos, podemos garantir que onde Paris prometeu, Glasgow cumpre”, disse ainda.

Entre os muitos activistas que por estes dias irão marchar nas ruas da cidade escocesa, Greta Thunberg será certamente a mais reconhecida. “Ainda estamos em grande parte a avançar na direcção errada”, disse Thunberg, 18 anos, à BBC. Mas “se mudarmos o nosso foco e deixarmos de criar lacunas e desculpas para não agirmos, como agora, e passarmos a tentar realmente combater as alterações climáticas… então, penso que poderíamos alcançar mudanças massivas”, afirmou a jovem sueca.

“Podemos sempre evitar que as coisas piorem. Nunca é tarde para fazer o máximo que pudermos”, acrescentou.

Defendendo as acções de grupos de protesto como os ambientalistas do Insulate Britain, que têm sido criticados por bloquearem auto-estradas, Thunberg defendeu que “às vezes é preciso irritar algumas pessoas para ter impacto” na percepção pública. “Somos activistas porque temos a certeza que podemos mesmo mudar [o curso dos acontecimentos]”, acrescentou. E questionada sobre se poderá um dia candidatar-se a um cargo público, a activista disse à BBC que é mais eficaz a mudar narrativas “a partir das ruas” do que “de dentro”.

Numa outra intervenção na cimeira, o presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Abdullah Shahid, disse aos delegados que o mundo tem capacidade para travar a crise existencial que está a enfrentar. Mas, acrescentou, “simplesmente não está a fazer o suficiente”.

“Tivemos décadas para debater os factos em redor das alterações climáticas, mas falhámos sempre em agir com a convicção ou determinação necessárias”, afirmou ainda Shahid, que é também ministro dos Negócios Estrangeiros das Maldivas. “Esgotámos as desculpas. É tempo de fazer o que está certo.”

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