Andrew Cuomo foi acusado de abuso sexual e pode ser detido nos próximos dias

Ex-governador de Nova Iorque demitiu-se em Agosto na sequência de várias queixas de assédio sexual. Na quinta-feira, foi alvo da primeira acusação formal nos tribunais do estado norte-americano.

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O ex-governador de Nova Iorque mantém a sua inocência e admite ter sido mal interpretado pelas mulheres Reuters/POOL

Andrew Cuomo, o ex-governador de Nova Iorque que abandonou o cargo em Agosto, na sequência de várias queixas de assédio sexual, foi acusado formalmente de abuso sexual e vai comparecer em tribunal no dia 17 de Novembro.

Esta é a primeira acusação contra Cuomo desde que as queixas de assédio sexual começaram a ser noticiadas nos jornais norte-americanos, em Dezembro de 2020. E surge na sequência de uma investigação conduzida pelo gabinete da procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James, que culminou com a apresentação de um relatório final no início de Agosto.

No relatório, os investigadores deram credibilidade às queixas de 11 mulheres, incluindo o caso que deu origem à acusação formal anunciada na noite de quinta-feira pelo gabinete do xerife do condado de Albany. 

Neste caso em particular, Cuomo é acusado de forçar um contacto íntimo com uma mulher — cuja identidade não foi revelada na acusação —, levantando-lhe a blusa e tocando-lhe nos seios. Segundo a acusação, o caso aconteceu no dia 7 de Dezembro de 2020 e teve lugar na mansão oficial do governador, em Albany, a capital do estado de Nova Iorque.

Na semana anterior à demissão de Cuomo, em Agosto, uma antiga funcionária do governo de Nova Iorque, Brittany Commisso, apresentou uma queixa no gabinete do xerife de Albany com uma descrição idêntica à que surge na acusação formal que foi anunciada na noite de quinta-feira.

Numa primeira reacção, a advogada do ex-governador, Rita Glavin, reafirmou que Cuomo é inocente e questionou a actuação do xerife do condado de Albany, Craig Apple. Segundo a advogada, Apple “nem sequer informou o procurador distrital sobre o que estava a fazer”.

“Isto não é uma acção profissional do ponto de vista das forças de segurança; é política”, disse Rita Glavin, citada pela agência Reuters.

Num outro comunicado, o procurador distrital do condado de Albany, David Soares, admitiu que a acusação elaborada pelo gabinete do xerife surgiu sem aviso.

“Tal como o resto do público, fomos surpreendidos com a notícia de que tinha sido apresentada uma acusação no Tribunal de Albany pelo gabinete do xerife de Albany, contra Andrew Cuomo”, disse Soares.

Segundo o jornal Albany Times Union, Cuomo terá de se apresentar no tribunal a 17 de Novembro, e o New York Post avança que o ex-governador vai ser detido na próxima semana.

Andrew Cuomo, de 63 anos, demitiu-se em Agosto ao fim de uma década como governador de Nova Iorque. Cuomo tem insistido na sua inocência em relação às acusações, e disse que as mulheres em causa podem ter interpretado mal os seus avanços.

“Na minha cabeça, nunca ultrapassei as linhas vermelhas com ninguém, e não me apercebi que essas linhas vermelhas tinham sido redesenhadas”, disse Cuomo após a divulgação do relatório da Procuradoria-Geral de Nova Iorque, a 3 de Agosto. 

A queda abrupta de Cuomo na política de Nova Iorque e dos EUA aconteceu após um ano de grande sucesso, que lhe valeu ser falado como possível candidato do Partido Democrata à eleição presidencial de 2020.

A forma como geriu o combate à pandemia de covid-19 em Nova Iorque na primeira metade de 2020, conduzindo conferências de imprensa diárias que rivalizavam com as conferências diárias na Casa Branca do então Presidente dos EUA, Donald Trump, fizeram dele um herói para o eleitorado do Partido Democrata.

Mas a sua credibilidade não resistiu a um primeiro abalo com as queixas de assédio sexual, e à revelação, em Março, de que manipulara o número de mortes por covid-19 nos lares de Nova Iorque para proteger a sua imagem de líder no combate à pandemia.

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